IEA recomenda medidas para reduzir consumo de combustível em meio à alta global do petróleo

redução de emissões
AP Photo/Michael Probst

A Agência Internacional de Energia (IEA) defendeu um conjunto de medidas para garantir a oferta de petróleo nos próximos meses, em meio às incertezas e tensões causadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Além de otimizar e reduzir o consumo de combustível, as medidas garantiriam uma redução dos preços para os consumidores, além de facilitar o isolamento da indústria fóssil russa, principal “vaca leiteira” do regime de Vladimir Putin.

Dentre as medidas de curto prazo recomendadas, estão a redução dos limites de velocidade, a adoção do trabalho remoto, restrições pontuais à circulação de carros nos centros de cidades e barateamento do transporte público. Se forem executadas plenamente nos principais mercados consumidores, estas medidas reduziriam a demanda global por petróleo em 2,7 milhões de barris por dia em quatro meses, o equivalente à demanda de petróleo de todos os carros da China.

“Como resultado da terrível agressão da Rússia contra a Ucrânia, o mundo pode estar enfrentando seu maior choque de oferta de petróleo em décadas, com enormes implicações para nossas economias e sociedades”, afirmou Fatih Birol, diretor-executivo da IEA. “Os países membros da IEA já entraram em cena para apoiar a economia global com uma liberação inicial de milhões de barris de petróleo de emergência, mas também podemos agir na demanda para evitar o risco de uma crise do petróleo paralisante”.

Associated Press, Financial Times, NY Times e Reuters repercutiram a proposta da IEA.

Por falar em petróleo e Rússia, dois textos do Guardian exploram as implicações potenciais da crise na Ucrânia sobre o mercado global de energia e a transição energética para o carbono zero. Por um lado, Rob Davies elencou quais países se beneficiam com a retirada do petróleo e gás russos do mercado, como Venezuela e Arábia Saudita por exemplo, além de outros produtores de menor porte. Por outro, Fiona Harvey ressaltou que os esforços imediatos de EUA e Europa para diminuir a dependência dos combustíveis fósseis russos podem, no longo prazo, impulsionar investimentos em fontes renováveis como uma maneira de garantir segurança e sustentabilidade na geração de energia.

Ainda sobre a Rússia, Joe Lo abordou no Climate Home como as sanções internacionais viraram desculpa para o governo Putin derrubar as últimas esperanças de transição energética na Rússia. Com metas climáticas pouco ambiciosas, as reduções prometidas pelo país sob o Acordo de Paris estão baseadas fundamentalmente em “truques contábeis” ao invés de reduções reais de emissões, e não seriam necessariamente afetadas pelas sanções.

 

ClimaInfo, 21 de março de 2022.

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