A intensificação de desastres causados por eventos climáticos extremos não tem sido acompanhada pela resposta governamental no Brasil. No Valor, Rafael Walendorff destacou a redução de mais de 50% nos valores destinados à prevenção ou mitigação de danos em quase uma década – o valor passou de R$ 3,5 bilhões em 2013 para R$ 1,2 bilhão. Com menos verba, estados e municípios afetados por inundações e deslizamentos de terra também enfrentam problemas para a liberação de recursos federais.
Petrópolis (RJ), por exemplo, recebeu cerca de R$ 36 milhões para reconstrução da cidade e medidas urgentes depois das chuvas – no entanto, mais de R$ 30 milhões desse valor foram liberados pela Assembleia Legislativa fluminense. A reportagem destaca o potencial do seguro paramétrico, comum em países da América Central e alguns estados norte-americanos, como uma alternativa para amenizar o risco climático no Brasil. “Deveríamos pensar seriamente no uso desse seguro no país por causa das mudanças climáticas”, comentou Rodrigo Motroni, da Newe Seguros.
Ainda sobre o aperto orçamentário, O Globo abordou a queda no investimento do governo do Rio de Janeiro em conservação ambiental. No ano passado, apenas R$ 183 milhões dos R$ 642 milhões disponíveis no Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (FECAM) foram aplicados, o que representa uma execução de apenas 28%. Esses recursos são oriundos dos royalties do petróleo, com aplicação exclusiva na área ambiental e de saneamento básico. Neste ano, estão autorizados R$ 743 milhões no Fundo, sendo que mais da metade (R$ 430,5 milhões) se encontra empenhada.
A falta de recursos para prevenção e mitigação de desastres naturais associados ao clima é um sério obstáculo para os esforços de adaptação climática no Brasil, especialmente nas cidades costeiras vulneráveis à elevação do nível do mar. No Um Só Planeta, Ana Beatriz Hoffert comenta o caso da ilha de Santa Catarina, onde fica a capital Florianópolis, como uma das áreas com maior risco de ser engolida pelo mar nas próximas décadas.
Em tempo: Um estudo publicado por pesquisadores brasileiros na revista Frontiers in Forests and Global Change na semana passada, explorou os determinantes do impacto do fogo nos biomas do país. A partir de dados relativos a incêndios florestais e queimadas entre 2001 e 2019, e considerando diferentes cenários climatológicos e de resposta política. Segundo a análise, os incêndios de alto impacto (HIF) podem se expandir sob o cenário de aquecimento RCP4.5 (cenário de linha de base sem políticas climáticas) do IPCC, afetando até 15% da área do Cerrado, 8% do Pantanal e 1,2% na Amazônia. Além disso, o impacto do fogo se intensificaria em 95% no Cerrado, 97% na Amazônia e 74% no Pantanal.
ClimaInfo, 4 de abril de 2022.
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