Crise climática: para evitar o pior, precisamos superar nossa dependência de combustíveis fósseis

crise climática
David Ryder/Bloomberg

A divulgação do novo relatório do IPCC sobre os caminhos da mitigação da mudança do clima deixou um gosto amargo de óleo na boca de muita gente. Para a Bloomberg, a ex-secretária-executiva da UNFCCC, Christiana Figueres, não economizou nas críticas à resposta de governos e empresas à crise climática, refletida nas constatações do documento sobre o estado do problema. “Não tenho palavras para explicar. ‘Preocupante’ não é suficiente. Estamos além do imoral: é suicida. Não há nada de novo que qualquer relatório possa nos dizer sobre o que devemos fazer. A lacuna que identificamos anos atrás não está se fechando; na verdade, está aumentando”.

A principal bronca está na incapacidade (ou indisposição, a depender do recorte) dos países em se distanciar decisivamente da energia fóssil, a despeito de seus compromissos climáticos e do avanço de fontes renováveis de energia. Pior: ao invés de abandoná-la, os governos estão jogando mais dinheiro na indústria fóssil, com novos subsídios e isenções fiscais para baratear o preço econômico da energia. Além disso, como a Bloomberg assinalou, o sistema financeiro ainda está míope na análise dos riscos climáticos de seus investimentos, com reguladores e investidores reagindo de forma lenta. O Guardian também destacou o peso da energia fóssil que segue amarrado à perna da humanidade na corrida contra a mudança climática.

A Reuters destrinchou alguns itens do relatório do IPCC. Um dos pontos destacados é a recomendação dos cientistas do Painel para que os países avancem com medidas de proteção do meio ambiente e de florestas, modifiquem processos produtivos na agricultura para diminuir a pegada de carbono do setor e incentivem mudanças na dieta das pessoas para reduzir o consumo de alimentos com alto impacto em gases de efeito estufa. Outro ponto abordado é a orientação para que o setor financeiro amplie o volume de recursos destinados para facilitar projetos de mitigação e adaptação climática, com a necessidade de aumentá-lo em pelo menos três vezes em relação aos níveis atuais. Também pelo recorte das soluções, as cidades despontam como um espaço preferencial para ação climática, especialmente no que diz respeito à mobilidade urbana e a recuperação de áreas verdes.

A BBC também fez uma síntese das principais recomendações do IPCC para que o mundo avance com a mitigação climática nesta década.

 

ClimaInfo, 6 de abril de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.