Pressionada dentro e fora da Europa por sua dependência energética com o gás natural da Rússia, a Alemanha apresentou nesta 4ª feira (6/4) um pacote de medidas para aumentar a produção de energia renovável, em linha com seus objetivos climáticos e a busca por “independência energética”. De acordo com o governo alemão, o país pretende gerar quase toda a sua eletricidade a partir de fontes renováveis, como eólica e solar, até 2035, mais do que duplicando a taxa atual em 13 anos. Ao mesmo tempo, Berlim promete desburocratizar processos administrativos e tributários para facilitar a instalação de unidades de geração eólica e solar, além de avançar com a eficiência energética.
O pacote já vinha sendo discutido desde antes do chanceler Olaf Scholz chegar ao poder, no final do ano passado, mas a definição foi antecipada por conta dos reflexos da invasão russa à Ucrânia, que disparou uma série de sanções internacionais à Rússia. Na Europa, o principal obstáculo para a aplicação de medidas mais duras contra o governo de Vladimir Putin se deve exatamente à dependência da Alemanha e de outras economias da União Europeia do gás natural fornecido por Moscou. Enquanto Estados Unidos e Reino Unido já sinalizaram uma moratória da compra de petróleo e gás natural russos, a Alemanha segue reticente à proposta, com medo do impacto disso sobre o mercado doméstico de energia. Associated Press, NY Times e Reuters repercutiram o anúncio alemão.
Por falar em energia fóssil russa, o Valor destacou uma observação pertinente feita pelo chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, sobre a dimensão da dependência europeia do gás russo. “Pagamos um bilhão de euros a [Putin] todos os dias pela energia que ele nos fornece. Desde que a guerra começou, demos a ele 35 bilhões de euros. Compare isso com o 1 bilhão de euros que demos aos ucranianos para armá-los”, disse Borrell em discurso no Parlamento Europeu.
ClimaInfo, 7 de abril de 2022.
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