Brasil atualiza metas climáticas sob o Acordo de Paris sem corrigir “pedalada” de carbono

Brasil atualização NDC
Ricardo Moraes / Reuters

Na surdina, o governo brasileiro atualizou nesta 5ª feira (7/4) sua contribuição nacionalmente determinada (NDC) para o Acordo de Paris. O novo documento, divulgado pela UNFCCC, prevê uma redução de 37% nas emissões de gases de efeito estufa do país até 2025 e de 50% até 2030 em relação a 2005, além de incluir “um objetivo de longo prazo para alcançar a neutralidade climática até 2050”.

Entretanto, tal como sinalizado pelo Instituto Talanoa e o projeto Política por Inteiro em uma nota técnica, a nova NDC brasileira não corrige as distorções metodológicas do documento apresentado pelo país no final de 2020. À época, especialistas apontaram que uma alteração na linha de base dos compromissos de mitigação do país fez com que o total previsto de emissões de gases de efeito estufa para esta década fosse maior do que o assinalado na primeira versão da NDC brasileira, apresentada em 2015/2016.

“Além de permitir mais emissões – em relação ao compromisso de 2016, 314 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) a mais para 2025, e 81 milhões de toneladas de CO2e para 2030 – a NDC de 2022 não internaliza os compromissos assumidos pelo Brasil na COP26 em relação a zerar o desmatamento em 2030 e reduzir as emissões de metano em 30% até 2030”, explicou a nota técnica.

“Quando submeteu, em 2020, as suas promessas para a ONU, o Brasil aumentou em 400 milhões de toneladas [o limite para 2030]. Agora ele entregou uma nova proposta que diz que o Brasil vai chegar em 2030 emitindo não mais 400 milhões extras, mas entre 70 e 80 milhões de toneladas a mais”, explicou Marcio Astrini, do Observatório do Clima, ao g1. “Continua sendo um retrocesso, num momento em que as Nações Unidas fazem um chamado para que os países aumentem suas ambições”.

 

ClimaInfo, 8 de abril de 2022.

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