Guerra e crise energética: relatório recomenda medidas para Europa abandonar gás russo

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Martin Meissner/AP

A crise entre Europa e Rússia por conta da guerra na Ucrânia está colocando os mercados de energia no continente em uma situação difícil. Por um lado, os países europeus tentam pressionar os russos com sanções contra as autoridades do país e aliados políticos e econômicos do presidente Vladimir Putin. Por outro, os governos tentam isolar ao máximo o setor de petróleo e gás na Rússia, por conta da dependência do mercado europeu desta fonte de combustíveis fósseis.

Um relatório divulgado na semana passada busca quebrar esse impasse e reforçar a posição europeia no embate geopolítico com Moscou. Para que o continente possa se livrar da dependência do petróleo e gás russos, o documento sugere medidas para reduzir e otimizar o consumo desses combustíveis, como restrições a voos domésticos e regionais e ao uso de carros nos grandes centros urbanos. De acordo com o RePlanet Research Institute, responsável pela análise, isso poderia reduzir a demanda por petróleo no mercado europeu em 2,7 milhões de barris diários.

“Isso deve ser combinado com transporte público gratuito. Embora os impactos disso não sejam facilmente quantificados, acreditamos que isso poderia dobrar a redução no uso de petróleo além do proposto pela IEA [Agência Internacional de Energia]”, argumentou o estudo. Ao mesmo tempo, para reduzir a demanda por gás russo, o relatório recomenda interromper os esforços de descomissionamento de usinas nucleares na Alemanha, Suécia e Bélgica, a redução do aquecimento predial em 4oC e uma implantação rápida de geração adicional de energia eólica e solar.

“É moral e politicamente insustentável que a Europa financie a máquina de guerra de Putin – pagando pelos mesmos mísseis e bombas que estão chovendo em escolas e hospitais ucranianos – ao mesmo tempo que supostamente se unem para impedir Putin por meio de sanções. Há apenas uma solução. Devemos cortar essa torrente de dinheiro que estamos enviando ao Kremlin, interrompendo imediatamente nossas importações de combustíveis fósseis russos”, afirmaram os autores.

O Guardian deu mais detalhes sobre o estudo.

Em tempo: Depois de seis semanas de ocupação, as tropas russas deixaram a região de Chernobyl, no norte da Ucrânia, no começo da semana passada. Além dos rastros de destruição causados por explosões no entorno, ficaram também as marcas visíveis da ocupação russa na usina, como valas para trincheiras e a instalação de dispositivos antiaéreos. Para tanto, os soldados russos fizeram a última coisa que poderiam fazer em uma área altamente contaminada por radiação: escavar e remexer em sua terra. O NY Times destacou os efeitos potenciais dessas ações nos soldados russos expostos à radiação; em alguns casos, o nível de contaminação pode ter sido o suficiente para causar câncer e matar a pessoa em menos de um ano.

 

ClimaInfo, 11 de abril de 2022.

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