Guerra e COVID na China fazem IEA reduzir expectativa de crescimento de demanda por petróleo em 2022

China COVID-19 petróleo
Aly Song/Reuters

A intensificação da nova onda de COVID-19 na China, que causou o lockdown de áreas importantes do país na última semana, puxou para baixo as projeções sobre a demanda global de petróleo para 2022. De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), a procura por petróleo deve atingir uma média de 99,4 milhões de barris por dia neste ano, o que representa uma redução de 260 mil barris diários na comparação com projeções anteriores. Na comparação com 2021, a expectativa para 2022 ainda é de um aumento de 3% na demanda global por petróleo, com o consumo de 1,9 milhões de barris diários extra em relação ao ano passado.

A queda na demanda deve ajudar o mercado global de petróleo a compensar a perda das fontes russas de combustível fóssil, impactadas pelas sanções internacionais a Moscou no âmbito da guerra na Ucrânia. Ao mesmo tempo, a ampliação da oferta de petróleo também ajudou a compensar, ainda que parcialmente, o déficit causado pela crise russa. Em março, a produção global de petróleo aumentou em 450 mil barris diários, elevando a média para 99,1 milhões de barris consumidos todos os dias. O principal fator para isso foi a produção extra por países fora da OPEP, como Estados Unidos, Reino Unido e Índia, que também abriram parte de suas reservas de emergência nos últimos meses para ampliar a oferta e conter a alta dos preços internacionais do petróleo (e seus reflexos inflacionários nas economias nacionais). De acordo com a IEA, a liberação coordenada desses barris de reserva permitiu uma redução de US$ 10 no valor do barril Brent, que caiu de US$ 114 em fevereiro para US$ 104 em março.

Bloomberg, Financial Times, Guardian e NY Times deram mais detalhes sobre as projeções da IEA para a demanda global de petróleo em 2022.

Em tempo: Enquanto isso, Rússia e Estados Unidos seguem trocando farpas sobre a guerra na Ucrânia e as sanções internacionais do Ocidente contra o governo de Vladimir Putin. A Bloomberg destacou a promessa do presidente russo de que a indústria fóssil do país não será prejudicada pela reação internacional. “Seremos capazes de aumentar seu consumo doméstico, estimular o processamento de matéria-prima e aumentar o fornecimento de energia para outras partes do mundo – em algum lugar onde ela seja realmente necessária”, disse Putin. Já a Reuters repercutiu a fala do enviado especial dos EUA para o clima, John Kerry, que voltou a defender a transição energética para fontes renováveis como o caminho para os países se livrarem da dependência de combustíveis fósseis vindos da Rússia. “O presidente Putin não pode controlar o poder do vento ou do sol”, afirmou Kerry.

 

ClimaInfo, 14 de abril de 2022.

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