Um levantamento feito pelo MapBiomas reforçou a importância dos Povos Indígenas e da demarcação de suas Terras para a preservação das florestas. Nas últimas três décadas, mais de 69 milhões de hectares de vegetação foram perdidos pelo desmatamento, mas apenas 1,1 milhão desse total foram observados em áreas indígenas, o que representa 1,6% do total. Em compensação, nas áreas privadas, a perda de vegetação representou mais de 68% do total desmatado no país, o equivalente a 47,2 milhões de hectares de vegetação suprimida.
“As Terras Indígenas são barreiras contra o avanço do desmatamento na Amazônia. Elas são as áreas mais protegidas no Brasil e a maior parte do desmatamento ocorre em áreas privadas”, disse Julia Shimbo, pesquisadora do IPAM e do MapBiomas, citada por Estadão e O Globo. “Teríamos um cenário muito pior [se o desmatamento em TIs seguisse o mesmo comportamento]. Os Povos Indígenas dependem dos recursos da floresta e os utilizam, por isso têm interesse em mantê-la em pé”.
O contraste entre o desmatamento em áreas privadas e em Terras Indígenas fica ainda maior quando consideramos a extensão dessas categorias fundiárias no Brasil: as áreas demarcadas ocupam apenas 13,9% do território nacional, o que corresponde a 19,5% da vegetação nativa do país.
O cenário apontado pelo MapBiomas traz motivos para preocupação: dados do INPE mostram que o desmatamento nas áreas indígenas se multiplicou por 1,7 na média dos últimos três anos em comparação com os números observados entre 2016 e 2018. Isso é reflexo direto do avanço do garimpo: a área ocupada pelos garimpeiros cresceu cinco vezes desde 2010, principalmente nos territórios Kayapó (7,6 mil ha), Munduruku (1,5 mil ha) e Yanomami (414 ha).
CBN, CNN Brasil, Folha, Jornal Hoje (TV Globo) e Projeto Colabora, entre outros veículos, também deram destaque aos dados do MapBiomas.
ClimaInfo, 20 de abril de 2022.
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