O calor nem chegou direito aos Estados Unidos, mas os incêndios já deram as caras nas áreas mais quentes e secas do país. Desde a semana passada, estados do Meio-Oeste norte-americano, como Arkansas, Colorado e Novo México, estão enfrentando focos persistentes de fogo. A situação é mais grave no Novo México, onde pelo menos 16 dos 33 condados do estado registraram focos de incêndio na última semana. Já no Colorado, a região em torno de Denver entrou no maior nível de alerta para perigo de incêndio em mais de uma década por conta do calor fora de época, combinado com ventos fortes e condições muito secas.
Para autoridades e especialistas, a ocorrência de incêndios florestais ainda em abril desperta preocupação com a potência e o impacto da temporada seca que se aproxima na maior parte dos Estados Unidos. “Nossa temporada de fogo começou perigosamente cedo”, alertou a governadora do Novo México, Michelle Lujan Grisham, citada pela Associated Press. As condições meteorológicas facilitam a disseminação do fogo e dificultam o trabalho das equipes de bombeiros. “É uma situação muito caótica”, disse à AP Stewart Turner, analista de comportamento de fogo em Santa Fe, na última 6ª feira (22/4). “Tivemos um comportamento extremo do fogo o dia todo”. A Reuters também repercutiu o impacto dos incêndios no Novo México e redondezas.
Já o Wall Street Journal abordou como autoridades e moradores do Arizona estão lidando com os efeitos da seca no rio Colorado, uma das principais fontes de água doce do sudoeste norte-americano. O volume de água tem caído ano após ano e a persistência de estiagens, mesmo em épocas do ano que deveriam ser mais úmidas, estão intensificando a pressão sobre os recursos hídricos em áreas bastante secas – e populosas – do sul dos Estados Unidos. Por ora, o consumo doméstico ainda não foi diretamente afetado pelos cortes, mas os produtores rurais do estado já reclamam da diminuição da água disponível para irrigação.
Em tempo: Por falar em seca, fogo e água, a Associated Press destacou uma pesquisa de cientistas da Universidade de Nevada, nos EUA, sobre os efeitos dos incêndios florestais na capacidade de retenção de gelo na Sierra Nevada, no oeste do país. No verão, essas áreas registraram focos persistentes de fogo que destruíram não apenas a vegetação, mas empobreceram o solo. Quando chegou a neve do inverno, o solo queimado está “tingindo” os flocos congelados, deixando a neve enegrecida. Com isso, essa neve fica mais exposta à radiação do sol, derretendo mais rápido.
ClimaInfo, 25 de abril de 2022.
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