Enchentes históricas evidenciam desafio para adaptação climática na África

enchentes África
Rogan Ward/Reuters

A morte de quase 450 pessoas na última semana na África do Sul, decorrente de inundações-relâmpago e deslizamentos de terra causados por fortes chuvas, deixou evidente que nem mesmo o país mais rico do continente africano está preparado para lidar com a intensificação de eventos climáticos extremos. A situação é obviamente pior em seus vizinhos mais pobres, sendo que muitos já convivem há anos com episódios críticos, com perdas humanas, financeiras e materiais cada vez maiores.

“Este é apenas o começo”, lamentou Ibrahima Cheikh Diong, da União Africana, ao Guardian. “A África polui menos e sofre mais com as mudanças climáticas”. A pobreza estrutural de muitos países africanos tem sido o principal obstáculo aos esforços de adaptação climática no continente, mas não é o único: além da corrupção, problema que a gente conhece bem aqui no Brasil, os países africanos sofrem com a falta de apoio financeiro e tecnológico do mundo desenvolvido para avançar com medidas adaptativas.

A intensificação dos eventos extremos também traz ameaça à biodiversidade natural africana. “As mudanças climáticas estão perturbando os ecossistemas e afetando a sobrevivência e adequação das espécies para viver em seus habitats naturais”, explicou Shyla Raghav, da Conservation Internacional, à Associated Press. Mudanças nos padrões de precipitação e temperatura podem colocar espécies inteiras em uma situação de risco. “A ruptura maciça da estabilidade ecológica ocorrerá se as medidas adequadas de adaptação e mitigação não forem implementadas”.

Em tempo: Uma coalizão de 48 países em desenvolvimento vulneráveis aos efeitos da mudança do clima está trabalhando em um mecanismo internacional de financiamento para vítimas de desastres climáticos. De acordo com o Climate Home, o Climate Vulnerable Forum (CVF) quer “driblar” as dificuldades políticas que marcam a discussão sobre perdas e danos no âmbito da ONU por meio de um fundo próprio, com recursos coletados junto a governos do G7 e G20, além da iniciativa privada.

 

ClimaInfo, 26 de abril de 2022.

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