Países impulsionam carvão mesmo com crise climática e compromissos de transição energética

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Ina FASSBENDER AFP

A instabilidade econômica e política internacional causada pelas tensões geopolíticas e seus reflexos no mercado de energia está impulsionando novos projetos de usinas elétricas a carvão ao redor do mundo, contrariando os objetivos climáticos sob o Acordo de Paris. Uma análise do Global Energy Monitor (GEM) mostrou que, a despeito da queda global no número de projetos projetos termelétricos a carvão, muitas usinas seguem sendo planejadas e construídas, colocando em xeque promessas de eventual abandono deste combustível fóssil até o começo da próxima década.

De acordo com o GEM, a capacidade total esperada de novos projetos energéticos de carvão caiu cerca de 13% em 2021, passando de 525 GW para 457 GW, uma queda recorde para o setor. O número de países que planejam novas usinas termelétricas a carvão também diminuiu no ano passado, caindo de 41 para 34. No entanto, os sinais de médio prazo não são animadores: a desativação de usinas em operação caiu no último ano, puxada principalmente pelo aumento da geração termelétrica carvoeira na China, que cresceu 9% em 2021, revertendo totalmente a queda de 4% observada no ano anterior.

Em todo o mundo, ainda existem mais de 2,4 mil usinas termelétricas a carvão operando em 79 países, perfazendo um total de quase 2,1 mil GW de capacidade. Dessas, apenas 170 usinas não estão cobertas por compromissos nacionais e internacionais de desativação e abandono do carvão nas próximas décadas, mas poucas estão programadas para se aposentar até 2030, o que dificulta bastante as chances de o mundo conseguir conter o aquecimento global em 1,5oC neste século.

AFP, Guardian e Reuters repercutiram esses dados.

 

ClimaInfo, 27 de abril de 2022.

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