Guerra na Europa pode trazer oportunidades para transição energética no Brasil

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Quem acompanhou o debate sobre transição energética nos últimos meses certamente encontrou reflexões e análises distintas sobre os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia nos esforços climáticos globais. Há quem acredite que a guerra impulsionará a corrida pela descarbonização da energia, com os países recorrendo às fontes renováveis para garantir sua segurança energética e não depender tanto dos exportadores de combustíveis fósseis. Entretanto, outros entendem que o conflito será um baque para a transição energética, com os governos mais interessados em garantir estoques imediatos de petróleo, gás e carvão e menos preocupados com metas climáticas. A verdade deve estar em algum ponto entre os dois extremos.

O Valor destacou algumas análises pela perspectiva otimista desse debate. Roberto Rockmann, por exemplo, escreveu que a guerra terá efeitos sobre a política energética global nas próximas décadas, e que o Brasil poderá se beneficiar por conta de suas vantagens competitivas no que tange à energia renovável. Além da matriz elétrica relativamente mais limpa, o país tem grande potencial para expandir a geração renovável por fonte eólica e solar, ainda pouco aproveitadas, e isso pode garantir um salto na busca pelo hidrogênio verde, tido como o combustível sustentável do futuro.

Já Ediane Tiago assinalou como essa questão está ganhando mais força não apenas no plano dos governos, mas também no das empresas, com esforços direcionados para aumentar a eficiência energética do processo produtivo e reduzir a pegada de carbono. Uma injeção de investimentos internacionais para impulsionar as fontes renováveis no Brasil pode ajudar. Isso tem se concretizado com a chegada de empresas estrangeiras, a partir de fusões e aquisições com atores do mercado nacional, aumentando a participação do capital externo no setor de energia. Jiane Carvalho deu mais detalhes sobre esse movimento.

Mas nem tudo são rosas. Como Vladimir Goitia assinalou, a modernização e a abertura do setor elétrico no país pode permitir que 63 milhões de consumidores migrem para o mercado livre de energia: o problema é que essa adesão não será automática nem rápida. Por exemplo, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) estima que há quase 70 mil unidades consumidoras de energia (8% do potencial de migração) que já estão aptas para entrar no mercado livre, mas que ainda não o fizeram.

 

ClimaInfo, 29 de abril de 2022.

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