Rendimentos com venda de combustíveis fósseis dobraram na Rússia desde o começo da guerra

Guerra Ucrânia lucros fósseis
Michael Sohn/AP

Mesmo com as sanções internacionais, a Rússia conseguiu arrecadar cerca de 62 bilhões de euros nos últimos dois meses com a venda de petróleo, gás natural e carvão para o exterior. Só os países da União Europeia, principal consumidora de combustíveis fósseis russos, o total das transações neste período chegou a 44 milhões de euros, bem acima da média de 12 bi de euros gastos por mês pelos consumidores europeus no ano passado.

Esses números, levantados pelo Centre for Research on Energy and Clean Air (CREA), evidencia, não apenas a dificuldade que Estados Unidos e Europa estão tendo para penalizar economicamente o governo de Vladimir Putin pela invasão à Ucrânia, mas também o grau de dependência do mercado europeu dos combustíveis russos.

“As importações contínuas de energia estão entre as principais lacunas nas sanções impostas à Rússia”, comentou ao Guardian o analista do Centre for Research on Energy and Clean Air (CREA) Lauri Myllyvirta. “Todos que compram esses combustíveis são cúmplices das horrendas violações do direito internacional realizadas pelos militares russos na Ucrânia”.

Enquanto isso, a queda-de-braço energética continua. Nesta semana, a Gazprom, principal fornecedora russa de energia, interrompeu o fornecimento de gás natural para Polônia e Bulgária, sob a justificativa de que esses países não aceitaram pagar pelo combustível em rublos, tal como definido pelo governo Putin. O Valor fez um panorama das tensões entre Moscou e os europeus. Já o Financial Times informou que pelo menos duas empresas europeias estão estudando maneiras de cumprir as exigências russas para o pagamento pelo combustível sem desrespeitar as sanções da UE contra a Rússia.

O grande temor do mercado energético europeu é uma interrupção generalizada do fornecimento russo, o que colocaria a economia de diversos países – entre eles, a da poderosa Alemanha – em uma situação dramática. O Climate Home noticiou que o governo alemão quer “velocidade de Tesla” para a construção de novos terminais de gás natural liquefeito (GNL), de maneira a facilitar a importação do produto de outros fornecedores e diminuir a dependência do gás russo.

 

ClimaInfo, 29 de abril de 2022.

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