Bloqueio de gás russo reforça urgência da Europa em superar dependência da energia fóssil

Europa bloqueio gás russo
Sergei Grits / AP

A 4ª feira (27/4) foi de incertezas e desconfianças na Europa depois da Rússia confirmar a interrupção do fornecimento de gás natural para mercados na Polônia e na Bulgária. Moscou justifica alegando que as empresas europeias não cumpriram a nova exigência de pagamento pelo combustível em rublos, e não em dólares ou euros, como previsto nos contratos. Para os governos da União Europeia, a medida é mais um foco de tensão na já problemática situação geopolítica da Europa depois da invasão russa à Ucrânia, iniciada há dois meses.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, chamou a ação russa de “chantagem” com o objetivo de dividir o bloco na resposta às agressões das tropas russas na Ucrânia. “Estamos preparados para este cenário e estamos mapeando nossa ação coordenada. Os europeus podem confiar que continuaremos unidos e solidários com os estados-membros impactados”, disse von der Leyen em nota.

Ao mesmo tempo, o comando da UE alertou às empresas europeias de energia que um eventual pagamento aos russos em rublos pode representar uma violação às sanções impostas por Bruxelas contra Moscou, com o risco de pesadas penalizações legais. “As empresas com esses contratos não devem atender às exigências russas. Isso seria uma violação das sanções e, portanto, representaria um alto risco para essas companhias”. Guardian, Reuters, UOL, Wall Street Journal e Valor repercutiram a reação do comando da UE.

No entanto, a Bloomberg noticiou que pelo menos quatro compradores europeus de gás já pagaram pelo combustível em rublos, de acordo com fontes próximas à empresa russa Gazprom. Dez empresas europeias já teriam aberto conta no banco corporativo da empresa, condição necessária pelas novas regras russas para realizar o pagamento pelo gás.

Já na Alemanha, principal país comprador europeu de gás russo, a pressão política interna e externa fez com que o governo de Olaf Scholz saísse das cordas e se comprometesse a ampliar o armamento e o apoio financeiro à Ucrânia contra a Rússia. Berlim, entretanto, segue cautelosa quanto à proposta de suspensão das compras de petróleo, gás e carvão do mercado russo, tese defendida por outros países da UE. Segundo a Bloomberg, o governo alemão sinalizou que poderia apoiar uma proibição gradual do petróleo russo, mas não deu mais detalhes sobre como – e em quanto tempo – isso poderia acontecer.

 

ClimaInfo, 28 de abril de 2022.

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