Adaptação segue como “patinho feio” da ação climática

Brasil adaptação climática
Allan Lira / Folhapress

Resiliência é a palavra-chave do debate sobre adaptação, que vem se tornando cada vez mais importante nos esforços climáticos globais, um reflexo da intensificação de eventos extremos e de catástrofes naturais associadas ao clima. Mas o ritmo de adaptação climática ainda está muito aquém do necessário para evitar os piores impactos, o que significa que recursos humanos, financeiros e materiais que poderiam estar protegidos estão sendo perdidos gratuitamente.

Thiago Bethônico abordou na Folha as dificuldades para o avanço nessa questão no Brasil. Um dos obstáculos é a miopia das empresas, que ainda não conseguem entender o risco que a mudança do clima representa para seus negócios. “Empresas assumem metas de redução de emissões de carbono, mas não incluem o clima na matriz de risco da organização”, observou Vanessa Pinsky, da USP. “Isso faz com que a demanda por projetos de adaptação passe longe da pauta dos conselhos de administração”.

Em alguns setores, no entanto, esse debate está ligeiramente mais avançado. Na agricultura, produtores e pesquisadores já lidam com os efeitos da mudança do clima nas safras e, aos poucos, começam a pensar em medidas adaptativas para permitir a continuidade da produção agrícola em um cenário de clima mais instável. O setor elétrico também está olhando com mais atenção para essa questão, especialmente depois da crise hídrica de 2021, a pior em quase um século.

“Adaptação é [tarefa] extremamente necessária, independentemente do que estamos fazendo em mitigação”, afirmou André Ferretti, da Fundação Grupo Boticário. “Ainda que conseguíssemos hoje, ou num curtíssimo prazo, zerar nossas emissões, aquilo que emitimos em excesso permanece na atmosfera causando efeitos por décadas ou séculos”.

 

ClimaInfo, 2 de maio de 2022.

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