ESG vira cabo-de-guerra entre investidores em assembleias de acionistas

ESG
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Nas últimas semanas, as principais empresas de capital aberto do mundo estão vivendo as tensões e as angústias das assembleias gerais de acionistas. Esses encontros são um momento-chave na estrutura de governança corporativa que serve não apenas para dar transparência aos investidores sobre as ações e os negócios da companhia, mas também para definir o seu norte para o futuro. É nesse último ponto que diversos investidores-ativistas estão se articulando para impulsionar a agenda climática e de investimentos ESG dentro das principais companhias do planeta nos mais variados setores. Mas essa é uma briga de cachorro grande, repleta de latidos e algumas mordidas aqui e ali.

A Bloomberg fez um panorama geral dessa articulação verde no âmbito dos investidores. Já o Wall Street Journal destacou um dos setores onde essa briga é mais intensa: o dos combustíveis fósseis, onde ativistas brigam por cada vírgula nos planos de descarbonização e transição energética das empresas e cobram ações e metas não cumpridas nesse tema. Nos bancos, outro setor estratégico para a agenda ESG e de ação climática, a disputa é ainda mais acirrada: o Financial Times noticiou que a maior parte dos acionistas de gigantes como Bank of America, Citi, Goldman Sachs e JPMorgan Chase rejeitou resoluções que cobravam um alinhamento maior entre a estratégia de negócio desses bancos e seus objetivos climáticos. Nem mesmo um protesto de ativistas na porta do Citi foi suficiente para mudar a votação, como observou a Bloomberg.

Já a mineradora Glencore não teve a mesma sorte: de acordo com a Reuters, cerca de 24% de seus investidores rejeitaram o relatório de progresso climático da empresa, citando especialmente a lentidão na redução da produção de carvão e na transição energética de seus negócios. Como a rejeição ultrapassou o limite de 20%, o que constitui dissidência material entre os acionistas, a empresa foi forçada a incluir em sua declaração de resultados para a assembleia de acionistas um compromisso de retomar o diálogo com os investidores para alinhar as metas e as ações climáticas da mineradora.

 

ClimaInfo, 4 de maio de 2022.

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