UE quer eliminar importações de petróleo russo até o final do ano

UE combustíveis Rússia
AP Photo/Jean-Francois Badias

A Comissão Europeia apresentou ontem (5/4) uma nova proposta para que os países da União Europeia deixem de comprar petróleo da Rússia de maneira escalonada até o final deste ano. A medida é vista como chave para reforçar as sanções internacionais ao regime de Vladimir Putin depois da invasão russa à Ucrânia, iniciada em fevereiro. No entanto, a dependência de diversos países do bloco da importação de combustíveis fósseis russos segue sendo o principal obstáculo.

Em discurso no Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França), a presidente da Comissão, Ursula Von der Leyen, afirmou que os países da UE serão apoiados nessa transição, com a priorização desses mercados na busca por alternativas de fornecimento de petróleo e combustíveis refinados. “Garantiremos a eliminação gradual do petróleo russo ordenadamente, de forma a permitir que nós e nossos parceiros garantam rotas alternativas de abastecimento e minimizem o impacto nos mercados globais”, observou von der Leyen. “Assim, maximizamos a pressão sobre a Rússia e, ao mesmo tempo, minimizamos os efeitos colaterais para nós e nossos parceiros”.

Entretanto, a divisão dentro da UE segue evidente. O governo da Hungria, comandado pelo extremista Viktor Orban, aliado de Putin, já sinalizou que pretende vetar qualquer medida que signifique um boicote aos combustíveis russos, especialmente se não houver clareza de fontes alternativas seguras e imediatas. Já a Alemanha, grande consumidor de combustíveis russos, se posicionou favorável à medida proposta pela Comissão Europeia, mas ressaltou que o bloco precisa ficar atento aos impactos econômicos, especialmente em um ambiente macroeconômico instável na Europa e no resto do mundo.

As alternativas à Rússia no mercado energético europeu são limitadas. A Bloomberg destacou que a OPEP, que reúne alguns dos principais exportadores de petróleo do mundo, não tem dado esperanças de aumento da produção do combustível nos próximos meses, mesmo com o preço alto do barril e o risco de desabastecimento nos principais mercados. Já a Forbes apontou as sutilezas diplomáticas da Arábia Saudita, um dos principais players da OPEP: enquanto brigam publicamente com os Estados Unidos na questão da produção de petróleo, os sauditas estão na surdina vendendo combustível a preços mais baixos para os mercados europeus, o que mostra uma disposição do governo em aproveitar a demanda europeia.

A proposta da Comissão Europeia para zerar as importações de petróleo russo na UE teve amplo destaque na imprensa, com manchetes em veículos como Associated Press, Bloomberg, Climate Home, CNN, Euronews, Financial Times, NY Times, Reuters, Valor e Washington Post, entre outros.

 

ClimaInfo, 5 de maio de 2022.

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