Estudo: consumo de “carne de fungos” reduziria desmatamento pela metade

carne de fungo
Raúl Arboleda/AFP/Getty Images

A adoção de proteínas feitas a partir de fungos na dieta das pessoas pode reduzir pela metade o desmatamento global até 2050, de acordo com um estudo publicado nesta 4ª feira (4/5) na revista Nature. Encabeçada por pesquisadores do Potsdam Institute for Climate Impact Research (PIK), da Alemanha, a pesquisa assinalou que a substituição de pelo menos 20% carne bovina consumida anualmente pela alternativa sintetizada via fungos já permitiria essa redução significativa da pressão por novas áreas de pasto para expansão da pecuária, um dos principais vetores do desmatamento no Brasil e no mundo.

Os pesquisadores utilizaram um modelo matemático que considerou o crescimento populacional, a renda e a demanda pecuária crescentes entre 2020 e 2050. Em um cenário business-as-usual, o aumento global do consumo de carne bovina exigiria a expansão das áreas de pastagem e de cultivo de alimento animal, o que duplicaria a taxa anual de desmatamento, com aumento subsequente das emissões de metano e do uso de água.

A substituição de 20% do consumo mundial de carne bovina até 2050 reduziria as emissões de metano em 11% e derrubaria a taxa de desmatamento e de emissões associadas de gases de efeito estufa em cerca de 50%. Os resultados potenciais são ainda mais significativos caso a adoção da “carne de fungo” seja mais generalizada: uma troca de 50% da carne bovina consumida globalmente pela proteína dos fungos reduziria o ritmo de desmate em 80%; já uma troca de 80% eliminaria cerca de 90% da perda florestal atual.

Guardian e Valor repercutiram as conclusões do estudo.

Em tempo: A intensificação da pecuária começa a ser percebida de forma mais clara nas imagens de satélite relacionadas às emissões de gases de efeito estufa. O Um Só Planeta destacou que, pela 1ª vez, um sistema de monitoramento espacial identificou uma pluma de metano emitida por gado no vale de San Joaquin, na Califórnia (EUA). O registro foi feito pela empresa GHGSat em 02 de março deste ano: ao todo, foram detectadas cinco pontos de emissão, que variaram entre 361 e 668 quilos por hora de metano. Se anualizadas, emissões nesse ritmo jogariam na atmosfera mais de 5,1 mil toneladas de metano, o suficiente para abastecer de gás 15,4 mil residências.

 

ClimaInfo, 5 de maio de 2022.

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