Duração e frequência de secas aumentaram 29% desde 2000, alerta ONU

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AFP

Um novo relatório da Convenção da ONU para Combate à Desertificação (UNCCD) divulgado nesta 4ª feira (11/5) revelou um dado preocupante. Desde 2000, o número e a frequência de eventos de estiagem e seca ao redor do mundo aumentaram 29%, impulsionados principalmente pela intensificação da mudança do clima e pelo avanço da degradação do solo e do desmatamento de áreas florestais. O documento foi lançado em plena Conferência da ONU sobre Desertificação (COP15), que acontece em Abidjan, na Costa do Marfim.

Segundo a análise, de 1970 a 2019, os riscos climáticos e hídricos foram responsáveis por 50% dos desastres e 45% das mortes relacionadas a desastres, principalmente em países em desenvolvimento. Além disso, as secas representaram 15% dos desastres naturais desse período, mas causaram o maior número de mortes (aproximadamente 650 mil). As perdas econômicas também foram severas: US$ 124 bilhões entre 1998 e 2017. O resultado desse processo é que cerca de 1/4 da população global (2,3 bilhões) enfrenta hoje estresse hídrico, com quase 160 milhões de crianças expostas a secas severas e prolongadas.

“Os fatos e os números deste relatório apontam todos na mesma direção: uma trajetória ascendente na duração das secas e na gravidade dos impactos, afetando não apenas as sociedades humanas, mas também os sistemas ecológicos dos quais depende a sobrevivência de toda a vida, incluindo a de nossa espécie”, destacou Ibrahim Thiaw, secretário-executivo da UNCCD.

Se não houver ações efetivas e adicionais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, combater o desmatamento, restaurar ecossistemas e recuperar o solo, o relatório sustenta que cerca de 700 milhões de pessoas estarão sob risco de migração por conta da seca até o final desta década. Já em 2050, mais de ¾ da população mundial poderão ser afetados por secas, com até 5,7 bilhões vivendo em áreas com escassez de água por pelo menos um mês no ano, acima dos 3,6 bilhões atuais. “Estamos em uma encruzilhada. Precisamos seguir em direção às soluções, em vez de continuar com ações destrutivas, acreditando que mudanças marginais podem curar falhas sistêmicas”, concluiu Thiaw.

Associated Press, Scientific American, Straits Times e The Hill destacaram o relatório da UNCCD.

 

ClimaInfo, 12 de maio de 2022.

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