Desativação antecipada de poços de petróleo e gás é necessária para manter viáveis as metas climáticas

poços de petróleo e gás
Eremeychuk Leonid/Alamy

Quase metade de todos os poços de exploração de petróleo e gás natural hoje em operação no mundo precisam ser abandonados antes do planejado para que tenhamos chances de limitar o aquecimento global em 1,5°C neste século em relação aos níveis pré-industriais. A urgência é ainda maior, já que as perspectivas de viabilidade para novas tecnologias de captura e armazenamento de carbono da atmosfera ainda são arriscadas.

O alerta é de um novo estudo publicado nesta semana na revista Environmental Research Letters, que analisou dados de mais de 25 mil campos de petróleo e gás natural de todo o mundo, além de informações sobre minas de carvão.

De acordo com os autores, os campos atuais de extração de combustíveis fósseis, se forem totalmente explorados, poderão liberar mais de 930 bilhões de toneladas de CO2, o equivalente a 25 anos de emissões globais nas taxas atuais. Para que a meta de 1,5°C de aquecimento, tal como definido pelo Acordo de Paris, seja viável, o indicou que 40% da reserva total de combustível disponível nesses campos precisa permanecer no solo. Estas reservas se concentram em apenas 20 países, liderados por China, Rússia, Arábia Saudita e Estados Unidos.

“Parar novos projetos de extração é um passo necessário, mas ainda não suficiente para que possamos permanecer dentro do nosso orçamento de carbono”, comentou Greg Muttitt, do IISD, um dos autores do estudo, ao Guardian. “Algumas licenças de produção de combustíveis fósseis existentes precisarão ser revogadas e eliminadas rapidamente. Os governos precisam começar a enfrentar de frente como fazer isso de maneira justa e equitativa, o que exigirá a superação da oposição dos interesses da indústria fóssil”.

O estudo também foi destacado pelo jornal Independent.

Em tempo: O Guardian repercutiu a fala do ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, acerca da necessidade dos países concordarem urgentemente com regras para o uso da geoengenharia climática. A preocupação dele não está tanto na tecnologia em si, mas no fato de que a ausência de uma regulação internacional possa deixar governos e empresas em um limbo perigoso no qual essa tecnologia é testada sem critério e cuidado. Para ele, dada a gravidade da crise climática e as dificuldades dos países em reduzir suas emissões, o mundo precisa olhar com mais atenção o potencial da geoengenharia climática. Lamy, que hoje é presidente do Paris Peace Fórum, está liderando uma iniciativa internacional para estabelecer uma estrutura potencial de governança para essa tecnologia, que deve ser apresentada antes da COP28, no final de 2023.

 

ClimaInfo, 19 de maio de 2022.

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