“Não trabalhe para quem destrói o clima”: a recomendação de Guterres para a juventude

António Guterres juventude

O conselho do secretário-geral da ONU, António Guterres, aos formandos da Seton Hall University, em Nova Jérsei (EUA), foi bem ao estilo do português: direto e reto. “Minha mensagem para vocês é simples: não trabalhem para destruidores do clima. Usem seus talentos para nos levar a um futuro renovável”, defendeu. “Vocês devem ser a geração que conseguirá lidar com a emergência planetária das mudanças climáticas”.

Guterres tem sido insistente em suas críticas – algumas vezes, com um grau de acidez incomum para o ambiente diplomático da ONU – à inação dos governos com relação à questão climática. Além de cobrar metas climáticas mais ambiciosas dos países sob o Acordo de Paris, o líder português também tem ressaltado a necessidade da crise energética atual nos conduzir para uma transição acelerada para fontes renováveis, que permitam diminuir a dependência dos combustíveis fósseis produzidos por países com regimes pouco amigáveis com a democracia e a ação climática.

“Apesar das montanhas de evidências da catástrofe climática iminente, ainda vemos montanhas de financiamento para carvão e combustíveis fósseis que estão matando nosso planeta. Mas sabemos que investir em combustíveis fósseis é um beco sem saída. Portanto, devemos alertá-los: a responsabilidade está chegando para aqueles que liquidam nosso futuro”. O Guardian destacou a fala de Guterres.

Por falar em investimentos e combustíveis fósseis, ativistas climáticos tentaram bloquear a assembleia geral de acionistas da Shell em Londres nesta 3a feira (24/5), um dia depois de uma consultora da petroleira pedir demissão por discordar da maneira como a empresa lida com a questão climática em seus negócios. A reunião foi interrompida diversas vezes, mas os acionistas presentes votaram a favor da estratégia apresentada pela direção da Shell para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa nas próximas décadas.

O grupo de investidores-ativistas Follow This apresentou uma resolução que cobrava mais ambição da empresa, mas o texto acabou sendo derrotado. Pela proposta apresentada e aprovada pelos acionistas, a Shell se compromete a atingir a neutralidade líquida de suas emissões até 2050, com metas intermediárias de redução da intensidade carbônica de seus negócios. Mesmo assim, a empresa segue sinalizando novos investimentos na produção de combustíveis fósseis, o que vai contra esses objetivos climáticos. Bloomberg, Financial Times, Guardian e Reuters repercutiram a notícia.

 

ClimaInfo, 25 de maio de 2022.

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