Amazônia e Cerrado registram recorde de queimadas em maio

Amazônia e Cerrado queimadas
Fernando Tatagiba/ICMBio

O mês de maio fechou com recordes históricos de queimadas na Amazônia e no Cerrado. De acordo com o INPE, foram identificados 2.308 focos de incêndio no bioma amazônico, um aumento de 96% em relação ao mesmo mês no ano passado (1.116) e o maior índice desde maio de 2004 (3.131). Já no Cerrado, os dados do INPE apontam para 3.578 focos de incêndio no último mês, número superior em 35% àquele registrado em maio de 2021 e o mais alto já identificado para o mês desde 1998, quando começou o monitoramento.

“Estes números não são uma exceção, fazem parte de uma tendência de destruição ambiental nos últimos três anos, que é o resultado de uma política deliberada do governo”, observou Maurício Voivodic, do WWF-Brasil, à Deutsche Welle. O dado preocupa ainda mais pelo fato de que a temporada seca, especialmente na Amazônia, está apenas começando. Se a tendência observada nos últimos meses se confirmar, a maior floresta tropical do planeta pode se aproximar de uma catástrofe anunciada. “É um desastre ambiental sem precedentes, que pode se agravar se o Congresso insistir em aprovar medidas do Executivo que fragilizem ainda mais a preservação do meio ambiente”.

“O fogo anda de mãos dadas com o desmatamento”, destacou Márcio Astrini (Observatório do Clima) a ((o)) eco. “A gente fica extremamente preocupado porque, principalmente na Amazônia, os focos de incêndio estão ligados à ilegalidade. Tivemos um abril com recorde de alertas de desmatamento, o acumulado de alertas está maior do que o ano passado, e por outro lado, a gente não vê nenhuma ação do governo para coibir isso”.

Em tempo: Enquanto a floresta amazônica sofre, o governo federal segue em seu esforço para fingir que está fazendo alguma coisa. A novidade do ministro Joaquim Leite é a criação de uma “câmara temática” para “qualificar os dados de desmatamento e incêndios a fim de diferenciar crimes ambientais de outras atividades”. De acordo com resolução publicada nesta 5a feira (2/6) no Diário Oficial da União, o órgão será coordenado conjuntamente com o ministério de ciência e tecnologia e terá representantes dos ministérios da agricultura, defesa, economia e justiça. O Política por Inteiro fez uma análise rápida sobre o texto: em suma, ele não muda rigorosamente nada no que diz respeito ao combate ao desmatamento e às queimadas; para completar, o governo excluiu o IBAMA e o ICMBio da composição do grupo. Me engana que eu gosto…

 

ClimaInfo, 3 de junho de 2022.

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