ESG na encruzilhada: cenário global e problemas estruturais colocam em xeque investimentos verdes

ESG investimentos greenwashing
Rory Griffiths / FT | Larry Fink, BlackRock CEO

O setor ESG atravessou a pandemia em uma condição muito melhor do que o mercado financeiro em geral, o que reanimou investidores nos últimos meses para novas aplicações em empresas com resultados socioambientais e de governança positivos. Parte desse movimento justifica o frenesi recente em torno desses investimentos, com grandes gestores de ativos e investidores se preocupando mais com fatores relacionados à ESG. No entanto, problemas estruturais antigos desse setor e as perspectivas gerais da economia global para os próximos meses e anos podem prenunciar um “batismo de fogo” para os investimentos ESG.

A Bloomberg destacou a análise de James Penny, diretor de investimentos da TAM Asset Management de Londres. Para ele, o principal obstáculo está no aumento das taxas de juros nos principais mercados, o que deve tornar mais difícil o refinanciamento das dívidas para as empresas alinhadas à ESG – o que já está sendo sentido nos setores de tecnologia. Outro problema é a inflação, que impacta diretamente no retorno financeiro das empresas. Como resultado, pela primeira vez em três anos, o balanço financeiro de investimentos ESG nos Estados Unidos apresentou resultado negativo em maio passado, com a retirada de cerca de US$ 2 bilhões de fundos ESG negociados na Bolsa. Esse foi o maior resgate mensal já registrado.

Já o Financial Times assinalou o episódio recente do Deutsche Bank, que foi alvo de uma ação policial na Alemanha por conta de suspeitas de fraude na comunicação com investidores sobre a qualidade ESG dos ativos oferecidos. O greenwashing não é um problema novo, pelo contrário: desde o começo desse debate, quando a nomenclatura ainda cultivava termos como sustentabilidade e triple bottom line, a desinformação verde em empresas é um obstáculo à credibilidade desses ativos. A diferença é que, agora, os investidores – e, mais importante, os reguladores governamentais – estão mais atentos aos sinais de greenwashing e menos piedosos com aqueles que mentem descaradamente sobre o impacto socioambiental de seus negócios. “É a hora de separar o joio do trigo”, observou Marcela Pinilla à Bloomberg. “Precisamos ser examinados. Isso ajudará as pessoas a serem mais precisas sobre o que exatamente estão fazendo”.

 

ClimaInfo, 8 de junho de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.