Poluição acima da média coloca SUVs na mira dos ativistas climáticos

SUVs emissões
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Os utilitários seguem sendo os queridinhos do mercado automotivo global, concentrando quase a metade dos automóveis vendidos atualmente em todo o mundo. Muitas coisas explicam essa preferência dos motoristas: o amplo espaço, o conforto, o tamanho do veículo, a potência dos motores e diversos penduricalhos tecnológicos criados nos últimos anos para recheá-los. Mas tem uma outra coisa que também é too much nesses SUVs: a pegada de carbono.

Thiago Bethônico observou, na Folha, como esse tipo de veículo impacta nas emissões globais de gases de efeito estufa. Se reuníssemos todos os SUVs em circulação no mundo hoje e considerássemos essa frota como um país, ele seria o 6o maior emissor global de GEE, acima inclusive do Brasil. Só no ano passado, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), os utilitários emitiram mais de 900 milhões de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera, quase o dobro da pegada de carbono do Brasil quando excluído desmatamento (467 milhões de tCO2e, por dados do Global Carbon Project). 

Por essas razões, grupos de ativistas climáticos têm mirado esses carros como novos “vilões” do clima nas ruas das principais cidades do mundo. Em alguns casos, eles estão apelando para ações de desobediência civil, como furar pneus de utilitários estacionados nas ruas. Um exemplo é o grupo Tyre Extinguishers, que atua desde março em países como Reino Unido, Alemanha, Países Baixos e Estados Unidos. Nesta semana, uma das ações aconteceu em Gothenburg, na Suécia, com a perfuração dos pneus de 80 SUVs.

Ações parecidas com essa aconteceram no ano passado em Glasgow, durante a Conferência da ONU sobre o Clima (COP26), com a perfuração dos pneus de dezenas de veículos. Num primeiro olhar, isso pode ser entendido como uma “pirraça”, mas o sentido da ação é racional: a circulação irrestrita desses veículos é um obstáculo significativo aos esforços globais contra a crise climática. Tirar esses SUVs de circulação, ainda que brevemente, reforça essa mensagem.

Em tempo: O Valor destacou o cálculo da ANFAVEA sobre a diferença entre a quantidade de poluentes emitidos por um veículo fabricado há 30 anos e os carros mais novos. De acordo com eles, um carro modelo 1992 emite o equivalente a 23 veículos modelo 2022. A ideia da ANFAVEA é convencer o governo federal a expandir para os automóveis de passeio o plano de renovação da frota que vem sendo desenhado para os caminhões.

 

ClimaInfo, 9 de junho de 2022.

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