Melhorar a vida nas favelas pode combater mudanças climáticas e racismo ambiental

racismo ambiental teto verde
Tércio Teixeira/Folhapress

Combater o racismo com… plantas. Sim, esta é uma ideia promissora executada pelo ativista ambiental Luis Cassiano Silva, em sua própria casa, na Favela do Parque Arará, zona norte do Rio de Janeiro.

Um dos aspectos menos documentados do racismo ambiental brasileiro é a quase inexistência de áreas verdes nos bairros pobres ou periféricos onde a maior parte dos moradores é negra. A falta de vegetação diminui o conforto térmico dessas comunidades, piora a qualidade do ar, aumenta a possibilidade de enchentes e escorregamentos, além de  provocar impactos emocionais negativos.

 “O vermelho é uma cor que inspira explosão, tensão. O cinza é melancolia, tristeza. A favela tem muito disso. É explosão, tensão e tristeza também. Está faltando o verde, uma cor que traz inspiração e tranquilidade”, afirmou Cassiano Silva à Folha. Com seu “Teto Verde”, que inclui plantas medicinais e comestíveis, ele conseguiu reduzir as altas temperaturas do verão carioca em 15oC dentro de sua residência.

Do outro lado da cidade, na zona sul do Rio, Carlos Antonio Pereira está desde 1995 executando um projeto de reflorestamento de um trecho de Mata Atlântica no morro da Babilônia. São 180 hectares, englobando além da Babilônia, parte das favelas Chapéu Mangueira, São João, Morro dos Cabritos e Tabajaras. Em 2000, ele e outros 22 moradores criaram a cooperativa COOPBABILÔNIA, que também sonha em fomentar o ecoturismo. “Quando a gente está lá no campo, plantando as mudas, contribuímos também para combater as mudanças climáticas”, afirmou Pereira, que é presidente da associação de moradores da Babilônia.

Pode parecer, mas não há nada de “sonhático” em pensar a natureza como forma de combater desigualdades econômicas e sociais em um país racista. O racismo ambiental – tema abordado no contexto da justiça climática – é um reflexo do como vulnerabilidades construídas socialmente tornam os impactos ambientais e climáticos mais severos para certos grupos de pessoas. “Quando chove em São Paulo, por exemplo, não é a Faria Lima ou a Avenida Paulista que alaga, mas a Brasilândia, onde eu moro”, declarou a ativista Amanda Costa à reportagem do Valor. O texto aborda o crescimento deste debate em todo o mundo e como o setor privado deve se engajar.

 

ClimaInfo, 21 de junho de 2022.

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