Em conversa com Papa Francisco, bispos destacam violência na Amazônia

Papa Francisco Amazônia
Guilherme Cavalli/CIMI

O bárbaro assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips no Vale do Javari segue repercutindo no exterior. Na semana passada, um grupo de 17 bispos da Amazônia foi recepcionado pelo Papa Francisco no Vaticano, quando denunciaram a explosão de destruição e abusos e violência contra os Povos Indígenas e os defensores da floresta. 

Um deles, Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho, destacou o modo como a omissão do governo federal impulsiona a criminalidade na Amazônia. “Os invasores dos territórios indígenas se sentem autorizados pela autoridade maior, o presidente da República, com seus discursos anti-indígenas”, disse a Assis Moreira no Valor.

Para Bernardo Mello Franco, n’O Globo, D. Paloschi ressaltou a preocupação do Sumo Pontífice com a situação da Amazônia e de suas populações tradicionais. “Ele [Papa Francisco] foi incisivo. Disse que não podemos ficar indiferentes diante da violência contra a floresta e os Povos Originários (…) A vida na Amazônia está por um fio. Estamos vivendo numa terra sem lei. O que vale hoje é a lei do mais forte”.

No Financial Times, o jornalista Bryan Harris destacou o impacto do assassinato cruel de Bruno e Dom sobre a imagem do Brasil no exterior. O artigo lembra que o país lidera o ranking mundial de mortes ligadas a conflitos fundiários e ambientais, com a maior parte destes acontecendo na Amazônia. “As redes criminosas violentas se tornaram encorajadas em seus ataques aos defensores das florestas e isto mina radicalmente a confiança no atual governo que continuou a promover a legislação antiambiental”, disse Åsa Wallenberg, diretora executiva da Storebrand Fonder, uma gestora de ativos sueca.

Na Folha, Thiago Bethônico destacou a preocupação do CEO da Michelin na América do Sul, Feliciano Almeida, com a má fama que o país está adquirindo no exterior por conta da destruição ambiental: “Sempre falamos que temos de tomar cuidado com o Made in Brazil (…) Qualquer produto brasileiro pode vir a ser barrado se os países quiserem nos taxar por alguma questão ecológica”.

 

ClimaInfo, 28 de junho de 2022.

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