A companhia aérea KLM foi processada por grupos ambientais nos Países Baixos, acusada de fazer greenwashing em sua propaganda publicitária. De acordo com a denúncia, os anúncios veiculados pela empresa dão aos seus clientes “a falsa impressão de que seus voos não vão piorar a emergência climática” e que não há como provar que as ações de compensação por offset de suas emissões efetivamente neutralizam o impacto de suas operações.
Em abril, o órgão regulatório da publicidade nos Países Baixos já tinha sinalizado que as peças publicitárias da KLM eram enganosas e que o slogan “seja um herói, voe com CO2 zero”, por ser uma afirmação absoluta, não dá conta da realidade e não é comprovada pela empresa. Pela propaganda da KLM, os passageiros têm a opção de doar para projetos de reflorestamento e para a compra de créditos de carbono certificados de um projeto no Panamá.
“As emissões de voos não podem ser ‘compensadas’ se os clientes apenas pagarem mais para plantar árvores ou derem dinheiro para o custo de soluções falsas como o que a indústria chama de “combustíveis de aviação sustentáveis”, afirmou a ativista Hiske Arts, da Fossielvrij, à BBC. “Vamos ao tribunal exigir que a KLM diga a verdade sobre seu produto dependente de combustível fóssil. Voar sem controle é uma das maneiras mais rápidas de aquecer o planeta. Os clientes precisam ser informados e protegidos das alegações que sugerem que não é”.
Bloomberg, Euronews e Reuters também repercutiram a ação.
Em tempo: O NY Times assinalou como as empresas aéreas ainda sofrem para viabilizar alternativas menos intensivas em carbono para abastecer suas aeronaves. As possibilidades tecnológicas existem e estão sendo exploradas, mas a viabilidade financeira e operacional segue sendo um grande desafio. Mesmo combustíveis mais limpos, como o “querosene de aviação sustentável”, feito com matéria-primas como óleo vegetal, resíduos sólidos e compostos de hidrogênio e carbono, ainda implicam alguma emissão de gases de efeito estufa. Ou seja, diferentemente do que alguns governos e empresas sugerem, o caminho para um voo “100% limpo” ainda está tomado por nuvens e ventos fortes, por assim dizer.
ClimaInfo, 7 de julho de 2022.
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