
Não teve jeito. Pressionados pela crise energética que aflige o mercado europeu provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, os membros do Parlamento Europeu aprovaram ontem (6/7) a inclusão do gás natural e da energia nuclear na taxonomia da União Europeia para fontes energéticas “verdes”. Assim, novos projetos que ampliem a produção de energia por essas fontes poderão receber recursos da UE associados à estratégia de descarbonização do bloco.
A decisão causou grande alvoroço entre ativistas climáticos e representantes de governos europeus. O ministro de energia de Luxemburgo, Claude Turmas, afirmou que seu país e a Dinamarca estão preparando uma ação para barrar a proposta no Tribunal de Justiça da UE. A Áustria também sinalizou que deve contestar a decisão. Já a ativista jovem Greta Thunberg ressaltou que a inclusão do gás e da energia nuclear como “fontes verdes” de energia “atrasará a transição verde [na Europa] e aprofundará a dependência dos combustíveis russos”. O Climate Home relatou as reações.
Por falar na Rússia, o Guardian destacou como a decisão favorece diretamente os interesses da indústria fóssil daquele país, que terá mais margem para manter e ampliar seus negócios no mercado europeu no cenário pós-guerra. A venda de combustíveis fósseis tem sido a grande “vaca leiteira” da máquina de guerra de Vladimir Putin na Ucrânia, com seus rendimentos servindo para manter os esforços de combate e aliviar o impacto econômico imediato das sanções internacionais.
Associated Press, Bloomberg, NY Times, Reuters, Washington Post e Wall Street Journal, entre outros, repercutiram a polêmica decisão do Parlamento Europeu.
Em tempo: O governo da França anunciou a pretensão de estatizar a companhia energética EDF, sob a justificativa de que a medida garantirá maior independência para o mercado francês e facilitará a transição para fontes renováveis de energia. O Estado francês já é o maior acionista da empresa, com 84% das ações. A ideia do governo de Emmanuel Macron é aproveitar a EDF para ampliar a geração nuclear, em linha com a decisão da UE de classificar essa fonte como “verde” para efeitos de investimentos climáticos do bloco. Valor e Wall Street Journal deram mais informações.
ClimaInfo, 7 de julho de 2022.
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