Crises internas e externas confrontam estratégia climática de Biden nos EUA

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reprodução vídeo The Guardian

A vida não anda fácil para o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Com a inflação no pior patamar em quatro décadas e o contexto internacional problemático, o líder norte-americano sofre também com a paralisia política de Washington, que emperra qualquer medida mais incisiva por parte da Casa Branca. Até mesmo aliados políticos estão criando dificuldades à agenda política do presidente.

Na semana passada, Biden e outras lideranças democratas foram surpreendidas com o anúncio do senador Joe Manchin de que ele não aprovará a inclusão de medidas sobre o clima em um pacote econômico que está sendo negociado no Congresso norte-americano. Com o Senado dividido 50/50 entre os democratas e a oposição republicana, a negativa de Manchin praticamente sela o fracasso da iniciativa. Bloomberg, TIME, NY Times e Washington Post, entre outros, deram a notícia.

Este é o segundo petardo em menos de um mês contra a política climática do governo Biden. No final de junho, a Suprema Corte decidiu retirar a autoridade da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) para limitar as emissões de gases de efeito estufa por usinas termelétricas. Com isso, a Casa Branca perdeu o poder de deliberar sobre a questão por meio de atos infralegais, uma ferramenta usada desde o governo de Barack Obama para impulsionar a ação climática nos EUA face à paralisia política imposta pelos republicanos no Congresso.

Ativistas climáticos cobraram Biden por mais proatividade na questão climática, colocando o peso da presidência dos EUA em favor de mais ação. Uma das exigências, destacada pela Bloomberg, é a de que o presidente declare emergência nacional em razão da crise climática, o que poderia liberar recursos adicionais para se implementar medidas de curto prazo para reduzir as emissões e adaptar as comunidades mais vulneráveis aos eventos extremos. Biden não indicou uma posição sobre a proposta, mas afirmou que, se o Congresso não aprovar ações para o enfrentamento das mudanças climáticas, ele tomará “medidas executivas fortes para atender a esse momento”. O Guardian destacou a reação do presidente.

A ocasião do anúncio de Manchin também pegou Biden de calças curtas na seara internacional. O presidente norte-americano está em uma visita oficial a países do norte da África e do Oriente Médio, entre eles a Arábia Saudita. A passagem de Biden por Riad teve como principal objetivo sensibilizar o governo saudita para aumentar a produção de petróleo nos países da OPEP e, assim, aliviar os preços internacionais do produto.

A visita à Arábia Saudita foi mal-recebida entre ativistas climáticos e de Direitos Humanos. Pelo lado climático, a reclamação é que o governo norte-americano joga fora seus compromissos para reduzir as emissões de carbono ao pedir por novos aumentos na produção de petróleo. Já pelo lado dos Direitos Humanos, a bronca está no fato de Biden ter se encontrado com o príncipe saudita Mohammad bin Salman, acusado de ser o mandante do assassinato do jornalista Jamal Kashoggi, em 2018.

Bloomberg, Financial Times, Guardian, RFI, Reuters e Valor, entre outros, repercutiram a visita de Biden à Arábia Saudita.

 

ClimaInfo, 19 de julho de 2022.

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