Crises internas e externas confrontam estratégia climática de Biden nos EUA

18 de julho de 2022
Biden infortúnios climáticos
reprodução vídeo The Guardian

A vida não anda fácil para o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Com a inflação no pior patamar em quatro décadas e o contexto internacional problemático, o líder norte-americano sofre também com a paralisia política de Washington, que emperra qualquer medida mais incisiva por parte da Casa Branca. Até mesmo aliados políticos estão criando dificuldades à agenda política do presidente.

Na semana passada, Biden e outras lideranças democratas foram surpreendidas com o anúncio do senador Joe Manchin de que ele não aprovará a inclusão de medidas sobre o clima em um pacote econômico que está sendo negociado no Congresso norte-americano. Com o Senado dividido 50/50 entre os democratas e a oposição republicana, a negativa de Manchin praticamente sela o fracasso da iniciativa. Bloomberg, TIME, NY Times e Washington Post, entre outros, deram a notícia.

Este é o segundo petardo em menos de um mês contra a política climática do governo Biden. No final de junho, a Suprema Corte decidiu retirar a autoridade da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) para limitar as emissões de gases de efeito estufa por usinas termelétricas. Com isso, a Casa Branca perdeu o poder de deliberar sobre a questão por meio de atos infralegais, uma ferramenta usada desde o governo de Barack Obama para impulsionar a ação climática nos EUA face à paralisia política imposta pelos republicanos no Congresso.

Ativistas climáticos cobraram Biden por mais proatividade na questão climática, colocando o peso da presidência dos EUA em favor de mais ação. Uma das exigências, destacada pela Bloomberg, é a de que o presidente declare emergência nacional em razão da crise climática, o que poderia liberar recursos adicionais para se implementar medidas de curto prazo para reduzir as emissões e adaptar as comunidades mais vulneráveis aos eventos extremos. Biden não indicou uma posição sobre a proposta, mas afirmou que, se o Congresso não aprovar ações para o enfrentamento das mudanças climáticas, ele tomará “medidas executivas fortes para atender a esse momento”. O Guardian destacou a reação do presidente.

A ocasião do anúncio de Manchin também pegou Biden de calças curtas na seara internacional. O presidente norte-americano está em uma visita oficial a países do norte da África e do Oriente Médio, entre eles a Arábia Saudita. A passagem de Biden por Riad teve como principal objetivo sensibilizar o governo saudita para aumentar a produção de petróleo nos países da OPEP e, assim, aliviar os preços internacionais do produto.

A visita à Arábia Saudita foi mal-recebida entre ativistas climáticos e de Direitos Humanos. Pelo lado climático, a reclamação é que o governo norte-americano joga fora seus compromissos para reduzir as emissões de carbono ao pedir por novos aumentos na produção de petróleo. Já pelo lado dos Direitos Humanos, a bronca está no fato de Biden ter se encontrado com o príncipe saudita Mohammad bin Salman, acusado de ser o mandante do assassinato do jornalista Jamal Kashoggi, em 2018.

Bloomberg, Financial Times, Guardian, RFI, Reuters e Valor, entre outros, repercutiram a visita de Biden à Arábia Saudita.

 

ClimaInfo, 19 de julho de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar