Sem alimento, ursos polares estão comendo lixo humano no Ártico

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Alexander GRIR AFP/File

A perda de habitat causada pelo derretimento do gelo no Polo Norte está empurrando os ursos polares para regiões ocupadas pelos seres humanos. Famintos, eles estão se alimentando do lixo humano, especialmente em aterros sanitários, e até mesmo na porta das casas em algumas regiões, o que levanta o risco de embates violentos com as populações humanas. A informação foi destacada por pesquisadores dos EUA e do Canadá em um artigo publicado na revista Oryx na semana passada.

Em geral, os ursos polares se alimentam de focas caçadas no mar congelado do Ártico. No entanto, o derretimento do gelo, precipitado pelo aquecimento do planeta, está fazendo com que esses ursos fiquem mais em terra firme, longe de suas presas naturais. Na busca por alimento, eles chegam em locais onde existem restos de baleias e outros animais caçados e consumidos pelos seres humanos. 

Isso cria dois problemas: primeiro, a subnutrição dos ursos, que não conseguem se alimentar direito, comprometendo sua capacidade de sobrevivência; e, segundo, o risco de encontros entre ursos e comunidades humanas, o que pode causar a morte do animal pelos seres humanos por questão de segurança. No caso da alimentação, existe outro risco importante: o consumo de materiais sintéticos, como plástico, que pode causar problemas de saúde ainda desconhecidos pelos cientistas.

“Quando os ursos polares entram nesses lixões em busca de comida, eles são atraídos por substâncias com cheiro forte, algumas das quais nem são comestíveis. Por exemplo, o anticongelante atrai ursos – e é fatal quando ingerido. Os produtos químicos nos lixões se tornam substâncias tóxicas que matam os ursos ou enfraquecem seus sistemas imunológicos”, escreveu Thomas Scott Smith, da Universidade Brigham Young (EUA), no site The Conversation. “Além disso, os ursos são conhecidos por ingerir não-alimentos. Madeira, plástico e metal foram encontrados nos estômagos dos ursos mortos. Envoltórios, bolsas e outros itens semelhantes a membranas obstruem a abertura do estômago do urso até o intestino , resultando em uma morte lenta e dolorosa”.

Reuters, RFI e Smithsonian Magazine repercutiram o estudo. No Brasil, Folha e Um Só Planeta deram destaque às informações.

 

ClimaInfo, 25 de julho de 2022.

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