Não é apenas a pujança econômica do agronegócio que serve como vaca leiteira para o lobby antiambiental promovido pelo setor no Brasil. O acesso facilitado e privilegiado ao financiamento privado, inclusive entre grandes bancos e instituições financeiras do exterior, também serve para reforçar o tabuleiro político dessas empresas, ampliando a margem de pressão e influência sobre os atores políticos.
Um levantamento feito pelo De Olho nos Ruralistas mostrou que grandes players dos mercados bancário e financeiro, como JP Morgan Chase, Bank of America e BlackRock despejaram mais de US$ 27 bilhões entre 2019 e 2021 em empresas que integram a cadeia de financiamento do Instituto Pensar Agro. Essa entidade se notabilizou nos últimos anos pelo lobby pró-agro e pela proximidade com o atual governo federal em defesa de medidas que enfraquecem a proteção ambiental.
O valor contempla a compra de ações por fundos soberanos, concessões de empréstimo, renegociação de dívidas e emissões de títulos. O levantamento também identificou a participação de bancos e fundos de investimento brasileiros nessas operações, com destaque para BTG Pactual, Safra, Verde Asset Management, Vinci Partners e XP Investimentos. Entre as empresas beneficiadas, estão Suzano, Klabin, JBS, Minerva, Marfrig, entre outros.
Em tempo: A indústria da carne bovina e do couro segue tropeçando em si mesma na hora de separar matéria-prima produzida em condições legais daquelas originadas de áreas desmatadas ilegalmente. Uma análise publicada pela revista piauí mostrou que, entre 2018 e 2021, pelo menos 91,2 mil animais saíram de Terras Públicas griladas no Pará. Antes de ser vendido aos frigoríficos, o gado foi transferido para uma propriedade em condição regular – uma “lavagem”. O levantamento mostrou que esses animais foram levados a frigoríficos e abatedouros de todo o país, com sua carne sendo processada por seis dos dez maiores frigoríficos do Brasil.
ClimaInfo, 26 de julho de 2022.
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