Indígenas isolados mobilizam indigenistas e agentes de saúde no Vale do Javari

Representantes indígenas estão preocupados com o aparecimento de um grupo isolado nas proximidades de aldeias na Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas. De acordo com o Amazônia Real, os primeiros avistamentos aconteceram no começo desta semana, na margem do médio rio Ituí, em frente à aldeia São Joaquim, do povo Marubo. De acordo com pessoas da aldeia, os indígenas isolados estavam agitados e gritando. “Se eles atravessarem do lado da comunidade, o caso é muito preocupante, é gravíssimo. Pode ocorrer conflito”, disse Clóvis Marubo. 

Outro problema é o motivo pelo qual os indígenas isolados estão se aproximando das aldeias Marubo. De acordo com um indigenista da FUNAI, “eles só aparecem assim em busca de algum apoio com saúde ou alguma catástrofe que possa ter atingido o grupo”. Por conta disso, membros da Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari e agentes da Secretaria Especial de Saúde Indígena estão preparando uma missão para atender eventuais necessidades e evitar possíveis conflitos. 

No entanto, tal como visto recentemente nas buscas por Bruno Pereira e Dom Phillips, o acesso à região do Vale do Javari é bastante difícil e os diferentes órgãos federais “jogam a peteca” um no colo do outro para definir quem fará e como será o transporte das equipes até a localidade. 

O aparecimento dos indígenas isolados acrescenta mais um elemento a um cenário já bastante problemático de insegurança no Vale do Javari. Quase dois meses após os assassinatos de Bruno e Dom, servidores da FUNAI e indígenas continuam temendo por suas vidas em virtude da presença e ação de criminosos na região. Recentemente, o coordenador interino da base da FUNAI no Vale do Javari, Leandro Ribeiro do Amaral, pediu demissão do posto. Sarah Brown abordou a situação de incerteza e insegurança do oeste Amazonas no Mongabay

Em tempo 1: A Polícia Federal deflagrou nesta 4a feira (3/8) uma operação para combater a extração ilegal de madeira na Terra Indígena Cana Brava, em Barra do Corda (MA). De acordo com os investigadores, a madeira retirada irregularmente desta reserva abastece uma cadeia criminosa de serrarias, moveleiras e depósitos de madeira clandestinos. Os policiais cumpriram 22 mandados de busca e apreensão e sete de suspensão de atividade econômica. Mais informações na Agência Brasil e no g1

Em tempo 2: Representantes de aldeias da Terra Indígena Kayabi, localizada entre o norte do Mato Grosso e o sul do Pará, denunciaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) tentativas de coerção e de intimidação por fazendeiros da região para aceitarem um acordo relativo a uma ação judicial que questiona a demarcação do território. Um servidor da FUNAI também estaria fazendo pressão sobre os indígenas pelo acordo, que resultaria na redução da terra homologada. Mais na CNN Brasil

 

ClimaInfo, 3 de agosto de 2022.

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