A pior seca em décadas na Europa ameaça estrangular os principais fluxos de transporte de mercadorias entre os países da União Europeia, o que deve causar mais problemas para a economia. Os rios e canais europeus transportam mais de 1 tonelada de carga anualmente para cada residente da UE e contribuem com cerca de US$ 80 bilhões para a economia da região apenas como meio de transporte. A redução acentuada do nível de rios como Reno e Danúbio pode criar uma lacuna logística impensável até pouco tempo atrás.
A Bloomberg fez um panorama da situação dos principais rios europeus. A seca atual antecipa parte do que pode ser um problema crônico para o continente nas próximas décadas. Isso porque os principais sistemas fluviais da Europa são alimentados em parte pelas geleiras dos Alpes – que estão desaparecendo em ritmo cada vez maior nos últimos anos, potencializado pelo aquecimento médio acima dos 2ºC no último século. A expectativa é de que a cobertura de gelo alpino diminua pela metade até 2050, com quase todas as geleiras desaparecendo até o final deste século.
Na Alemanha, a situação mais preocupante é a do rio Reno, no oeste do país. Os níveis da água podem atingir um nível criticamente baixo nos próximos dias, o que inviabilizaria a passagem de embarcações comerciais, interrompendo o fluxo de mercadorias. A expectativa é de que o nível do Reno em Kaub, nos arredores de Frankfurt, fique abaixo dos 40 centímetros nesta 6ª feira (12/8), o pior índice desde a grande seca que atingiu o rio em 2018, quando seu nível chegou a cair para 27 centímetros.
Uma possível interrupção da hidrovia do Reno pode resultar na escassez de produtos importantes no mercado alemão e do noroeste da Europa, como gasolina e diesel. Associated Press, Bloomberg e Reuters deram mais detalhes.
Para piorar, algumas áreas da França estão voltando a registrar calor extremo. De acordo com a agência meteorológica do país, as temperaturas devem ficar na casa dos 40ºC em localidades no sudoeste e na costa atlântica. Atualmente, 16 regiões francesas estão sob “alerta laranja”, o penúltimo, antes do alerta vermelho de vigilância máxima. Com a volta do calor, os incêndios florestais também retomaram força, especialmente no sudoeste e oeste da França. Associated Press, Guardian, Reuters e RFI repercutiram a notícia.
A situação também preocupa na Espanha. “Estamos chegando ao fundo do poço”, lamentou um agricultor na região de Cijara, no centro do país, à Reuters. Em toda a Espanha, os níveis dos reservatórios de água estão nas piores marcas da história recente, com alguns operando abaixo dos 10% de capacidade. Na média, os reservatórios espanhóis estão com apenas 40% de sua capacidade preenchida, bem abaixo da média de 60% registrada nos começos de agosto na última década.
ClimaInfo, 11 de agosto de 2022.
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