“Crianças do Katrina”: 17 anos depois, jovens ainda convivem com impacto de furação em Nova Orleans

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HBO

Nova Orleans ainda guarda as marcas da passagem do furacão Katrina. As cicatrizes físicas persistem, mas tendem a ser diluídas com o tempo; já as emocionais são mais difíceis de serem apagadas. Curiosamente, mesmo aqueles que eram muito novos ou sequer tinham nascido em agosto de 2005 carregam esses traumas, tendo crescido sob a sombra da destruição, das mortes e da omissão das autoridades da Louisiana e dos EUA de 17 anos atrás. 

Um desses jovens é o documentarista Edward Buckles Jr., que tinha 13 anos quando as comportas se romperam e o mar invadiu Nova Orleans. A memória é vaga, mas os traumas estão vivos nele, mesmo depois de tanto tempo. “Eu não entendia meu trauma. Acho que isso é algo comum em nossa comunidade. Estamos tentando navegar em tantas outras coisas apenas vivendo nos EUA. Quem tem tempo para pensar em como se sente? Quem tem tempo para lidar com traumas quando você está lidando com tantos outros traumas?”, disse Buckles em entrevista ao Guardian.

O documentário “Katrina Babies”, dirigido por Buckles e que será lançado nesta semana na HBO, tenta lidar com esses traumas múltiplos. A partir de sua própria experiência, ele conversa com outros jovens adultos de Nova Orleans sobre o impacto do furacão e da destruição causada por ele em uma geração de moradores. Para muitos, as perdas materiais foram significativas, mas não se comparam com aquelas emocionais: avós e parentes mortos, recordações e memórias perdidas, coisas que fazem até mais falta agora do que faziam logo após o desastre. Além das perdas, segue também o gosto amargo da falta de atenção do poder público antes, durante e depois do Katrina. “Não podemos esquecer de responsabilizar aqueles que precisam ser responsabilizados”, concluiu o documentarista na Associated Press.

 

ClimaInfo, 24 de agosto de 2022.

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