Ondas de calor podem dominar clima nos trópicos em 2100, diz estudo

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Simon Maina / AFP / Getty

O calor intenso que assola boa parte do hemisfério norte neste verão é um indicativo do cenário que virá nas próximas décadas. Um estudo publicado nesta 5ª feira (25/8) na revista Communications Earth & Environment sinalizou que, se fracassarmos no esforço global para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e conter o aquecimento global, episódios como as ondas recentes de calor na Europa, Estados Unidos e China se tornarão muito mais frequentes, especialmente nas regiões tropicais da Terra.

De acordo com a análise, no caso das áreas próximas à linha do Equador, os termômetros poderão registrar em 2100 temperaturas que hoje consideramos “perigosas” para a saúde humana (acima dos 39ºC) em mais da metade dos 365 dias do ano. Nos trópicos, as temperaturas podem chegar ao limite do “extremamente perigoso” (a partir de 51ºC) em mais de 15 dias por ano.

O estudo conclui que, mesmo que os países consigam cumprir a meta do Acordo de Paris de manter o aquecimento em 2ºC, cruzar o limite “perigoso” será de três a 10 vezes mais comum até 2100 nos EUA, Europa Ocidental, China e Japão. Nesse mesmo cenário, os dias perigosos podem dobrar até 2100 nos trópicos, cobrindo metade do ano. No pior caso, no qual as emissões permanecerão sem controle até 2100, condições “extremamente perigosas” podem se tornar comuns em países mais próximos do equador – principalmente na Índia e na África subsaariana.

“Para muitos lugares próximos ao equador, até 2100 mais da metade do ano será um desafio trabalhar ao ar livre, mesmo que comecemos a reduzir as emissões”, alertou Lucas Vargas Zeppetello, pesquisador das Universidades de Washington e Harvard (EUA) e autor principal do estudo. “São cenários assustadores que ainda temos a capacidade de prevenir. Este estudo mostra o abismo, mas também mostra que temos alguma agência para impedir que esses cenários aconteçam”.

Associated Press, Folha, Guardian e New Scientist, entre outros, repercutiram o estudo.

Em tempo: A onda de calor que cobre boa parte da Europa pode se tornar um “verão médio” em menos de 15 anos, de acordo com uma análise da agência meteorológica do Reino Unido, a Met Office. Mesmo se o mundo conseguir conter o aquecimento global neste século dentro dos limites estabelecidos pelo Acordo de Paris (entre 1,5ºC e 2ºC), um verão típico europeu pode se tornar até 4oC mais quente do que os níveis pré-industriais ao final deste século. A notícia é da Bloomberg.

 

ClimaInfo, 26 de agosto de 2022.

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