MapBiomas: ocupação de margens de rios dobra em 30 anos

MapBiomas ocupação margens dos rios
MapBiomas Mosaico Planet Manaus (AM)

Um novo levantamento do MapBiomas mostrou que construções ocupam atualmente cerca de 121 mil hectares nas margens dos corpos d’água, um aumento de 102% em relação ao que se observava em 1985 (61,6 mil hectares). Ainda assim, mais de 70% das áreas de margens ainda estão preservadas: as faixas marginais de 30 metros ocupam 422 mil hectares em todo o Brasil, sendo que 300,2 mil hectares ainda não registram sinais de urbanização. Mas esse cenário pode mudar, especialmente depois de o Congresso Nacional ter aprovado uma alteração no Código Florestal que transferiu aos municípios a definição da área mínima a ser preservada nas margens dos corpos d’água.

“Este é um dado [aumento da área marginal ocupada] que por si só é preocupante, já que a proximidade de construções e infraestruturas urbanas pode comprometer a qualidade e aumenta a vazão da água, contribuindo para enchentes na estação chuvosa”, explicou Julio Cesar Pedrassoli, coordenador da equipe de infraestrutura urbana do MapBiomas. “Com o agravamento da crise climática, que está afetando a regularidade e o volume das chuvas, a preservação de áreas sem construções no entorno de corpos hídricos torna-se crítica para a segurança das pessoas e para a qualidade ambiental”, completou Edimilson Rodrigues, que também participou da análise.

Essas informações foram destacadas no g1 e O Globo.

Em tempo: Os campos de Cerrado mineiro foram imortalizados na literatura brasileira pela caneta do escritor Guimarães Rosa, um dos grandes autores do último século. No entanto, para quem vive na área descrita pelo autor há mais de 70 anos, as palavras não correspondem à realidade: o ambiente está mais seco, mais árido, mais triste. “O Cerrado foi devastado”, lamentou a bióloga Mônica Meyer, que pesquisa a natureza na obra de Guimarães Rosa, a Luiz Claudio Ferreira na Agência Pública. “Não só pelas mudanças climáticas que estão em curso, mas também pelas políticas hegemônicas que predominam na área de alimentação”.

 

ClimaInfo, 26 de agosto de 2022.

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