Amazônia: desmatamento atinge 2º pior índice para agosto, diz INPE

desmatamento Amazônia 2022
Alberto César Araújo/Amazônia Real.

O mês de agosto foi marcado, mais uma vez, pela devastação da Amazônia. De acordo com o sistema DETER-INPE, o bioma perdeu 1.661 km2 de vegetação no último mês, um aumento de 81% em relação ao registrado no mesmo mês em 2021 (918,24 km2). Este é o 2º pior agosto da série histórica (iniciada em 2016), atrás apenas de agosto de 2019 (1.714 km2), no 1º ano do governo de Jair Bolsonaro.

Na somatória de 2022 (janeiro a agosto), o DETER acumula alertas de desmate para 7.135 km2 de floresta, um aumento de 18,5% na comparação com o mesmo período no ano passado; na média histórica para esse período, a alta é de impressionantes 52,1%.

Os dados do desmatamento de agosto também acompanham a tendência de alta observada no registro de queimadas no mesmo mês: de acordo com o INPE, mais de 33,1 mil focos de calor foram identificados no último mês, o pior número desde 2010.

Pará (676 km2), Mato Grosso (339 km2) e Amazonas (310 km2) lideram a lista de estados com maiores índices de desmatamento em agosto.

Já entre os municípios, destacam-se São Félix do Xingu (93 km2) e Altamira (89 km2), ambos no PA, além de Apuí (66 km2), no AM, e União do Sul (64 km2) e Colniza (61 km2), no MT. 

Entre as áreas protegidas, a Área de Proteção Ambiental (APA) do Tapajós (PA) foi a mais desmatada no mês passado, com 21 km2 de floresta perdidos; ela também lidera na relação das unidades com maior desmate em 2022, com a perda de 93 km2 de vegetação.

“A destruição ambiental ganhou velocidade e escala nos últimos anos, já que as porteiras foram escancaradas por um governo que abraça e incentiva o crime ambiental através de suas ações e omissões”, comentou Cristiane Mazzetti, do Greenpeace Brasil. “Como os desmatadores não sabem como será o dia de amanhã, estão correndo para destruir enquanto a porteira está aberta”. 

“Os dados mais recentes de desmatamento e queimadas na Amazônia, infelizmente, confirmam que teremos um ano com recordes trágicos para o bioma. As pesquisas já mostram que, em algumas regiões amazônicas, a estação seca aumentou em mais de um mês. Temos também temperaturas mais elevadas e menor volume de chuvas”, explicou Mariana Napolitano, do WWF-Brasil.

“Bolsonaro pode sair do governo, mas deixa de herança para seu sucessor uma crise ambiental na Amazônia como não se via desde os anos 1990 e uma crise social sem precedentes. O crime organizado dominou a região, e a liberação de armas para civis torna muito mais perigosa a tarefa de retomar a fiscalização e o controle do desmatamento”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. “Isso vai demandar ação determinada e planos muito concretos, mas até agora os candidatos à sucessão de Bolsonaro têm falado muito pouco sobre como pretendem retomar o controle da região, que abarca metade do território nacional”.

Os dados do INPE para o desmatamento amazônico em agosto tiveram destaque em diversos veículos, como CartaCapital, Correio Braziliense, Folha, g1, O Globo e VEJA, entre outros.

 

ClimaInfo, 12 de setembro de 2022.

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