África do Sul e países ricos se aproximam de acordo para viabilizar ajuda internacional para descarbonização

África COP27
AfricanNews

Depois de idas-e-vindas, parece que a África do Sul e diversos países desenvolvidos estão próximos de um acordo para viabilizar um compromisso assumido durante a Conferência do Clima de Glasgow (COP26), no ano passado. Na ocasião, representantes de Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia prometeram US$ 8,5 bilhões em ajuda financeira para o governo sul-africano abandonar o uso de carvão para a produção de energia em prol de fontes renováveis. O anúncio foi uma das surpresas positivas daquela COP, visto como um “mapa do tesouro” para que outros países em desenvolvimento baseados em energia suja pudessem facilitar sua transição energética com recursos internacionais.

Até aqui, a proposta não tinha saído do campo da promessa. Ao longo dos últimos meses, os diversos governos envolvidos negociaram os termos do acordo, especialmente o cronograma de liberação dos recursos e o acompanhamento das mudanças na matriz elétrica sul-africana pelas nações doadoras. Entretanto, de acordo com a Reuters, uma nova rodada de negociação acontecerá nos próximos dias para selar o acordo antes da abertura da próxima Conferência do Clima (COP27), em Sharm el-Sheikh (Egito), em novembro.

“Acho que subestimamos o quão complicado é quando você tem quatro parceiros, e cada um tem suas próprias questões orçamentárias”, comentou a ministra do meio ambiente da África do Sul, Barbara Creecy. “Houve essa situação de galinha e ovo em que estávamos dizendo ‘nos dê o artigo e o parágrafo do acordo’ e eles nos diziam ‘vamos olhar os planos de investimentos’”. Ao que parece, esse estágio ficou para trás. “O plano de investimento está pronto para consideração ministerial”.

O sucesso do acordo dos países desenvolvidos com a África do Sul ainda é visto como a melhor experiência para que outras nações em desenvolvimento busquem o mesmo tipo de ajuda no futuro. Como lembrou Allegra Stratton na Bloomberg, o país africano tem 84% de sua energia elétrica produzida por usinas termelétricas a carvão, todas administradas pela estatal Eskom. “Se a África do Sul progredir [nesse acordo], Vietnã, Indonésia, Senegal e Índia provavelmente o seguirão. O resto do mundo terá então uma rota mais clara para o net-zero”.

Em tempo: Ainda sobre a COP27, a Bloomberg noticiou que a Índia deverá buscar em Sharm el-Sheikh por avanços nas conversas sobre compensação por perdas e danos. O país já tinha feito essa demanda em Glasgow no ano passado, mas acabou priorizando a suavização do veto ao carvão pelos países em sua estratégia diplomática. Agora, especialmente à luz dos eventos extremos vividos pelos indianos nos últimos meses, como uma forte onda de calor em maio, Nova Deli entende que é hora de as nações desenvolvidas responderem mais claramente às demandas por recursos para compensar os impactos desses episódios nas economias em desenvolvimento.

 

ClimaInfo, 14 de setembro de 2022.

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