Estudo: inação contra crise climática pode acarretar efeitos irreversíveis

13 de setembro de 2022
crise climática pontos de inflexão
Odd Andersen/AFP

Se os países fracassarem em seu esforço para limitar o aquecimento médio da Terra neste século, diversos pontos de inflexão climáticos poderão ser desencadeados, desde o colapso das camadas de gelo da Groenlândia e da Antártica Ocidental, até o degelo abrupto do permafrost do Ártico e a morte dos recifes de corais. Essa é a conclusão de um estudo internacional publicado na última semana na revista Science.

A análise também apontou que muitas dessas mudanças já podem ser irreversíveis mesmo se mantivermos o atual nível de aquecimento (cerca de 1,1ºC em relação aos níveis pré-industriais). No caso do limite máximo para o aquecimento definido pelo Acordo de Paris, de 2ºC até 2100, processos como a perda de geleiras de montanhas e o colapso de um sistema de mistura profunda de água no Atlântico Norte podem ser desencadeados, com reflexos em todos os ecossistemas globais.

Em entrevista ao NY Times, o cientista Johan Rockström, do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático (PIK) e um dos autores do estudo, ressaltou que será crucial limitar o aquecimento em 1,5ºC, a meta mais ambiciosa do Acordo de Paris, para evitar que os pontos de inflexão mais desastrosos sejam atingidos nas próximas décadas. “Cada décimo de grau conta. Então 1,6ºC é melhor que 1,7ºC e assim por diante”. Estadão e Folha publicaram uma tradução da reportagem.

Em tempo 1: Uma onda de calor incomum está atingindo a Groenlândia e intensificando o degelo de sua cobertura congelada nas últimas semanas. Segundo o Washington Post, especialistas assinalam que este é o maior evento de derretimento a ocorrer no mês de setembro nesta região. Historicamente, setembro costuma ser o começo do período frio, a partir da entrada no outono; no entanto, as temperaturas seguem bem acima do normal. “Este evento demonstra como o aquecimento global aumenta não apenas a intensidade, mas também a duração da temporada de derretimento”, explicou Maurice van Tiggelen, da Universidade de Utrecht (Países Baixos). O Estadão também destacou essa notícia.

Em tempo 2: Já a BBC e a Exame destacaram um novo estudo, publicado na revista Nature Geoscience, que analisou o risco de derretimento da geleira Thwaites, mais conhecida como a “Geleira do Fim do Mundo”. Há anos, cientistas estudam a situação desse gigante gelado na porção ocidental do continente antártico e o impacto potencial de seu degelo sobre o nível do mar – estima-se que o colapso dessa geleira sozinha seria capaz de elevar os oceanos em até 3 metros. Os autores utilizaram um submarino robô para analisar o fundo do mar próximo à geleira, obtendo assim dados sobre a evolução da cobertura gelada ao longo dos últimos séculos. O estudo revelou que, em algum ponto nos últimos 200 anos, a parte frontal da geleira perdeu contato com o fundo do mar e recuou a uma taxa de 2,1 km por ano. Essa velocidade representaria o dobro da taxa documentada entre 2011 e 2019, por meio de imagens de satélite. Ou seja, de acordo com a análise, um eventual colapso generalizado de Thwaites pode acontecer ainda mais cedo que o esperado.

 

ClimaInfo, 13 de setembro de 2022.

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