O oeste dos EUA tem um peso simbólico na história e na psique dos norte-americanos. No passado, ele foi a última grande fronteira a ser explorada, a representação mais clara do “Destino Manifesto” cultivado na mente da jovem nação no século XIX. O simbolismo ganhou força no século seguinte, quando Hollywood descobriu um filão de ouro com os filmes de faroeste, fazendo fama e fortuna com nomes como John Wayne, James Stewart e Clint Eastwood.
O banditismo e o heroísmo dos filmes western, no entanto, ficaram no passado. Se antes o drama dos vilarejos era a chegada das quadrilhas de bandidos e os tiroteios com o xerife machão, agora o inimigo é mais cruel: o clima – em particular, as ondas de calor e seca cada vez mais fortes, que dobram as pessoas de um jeito que vilão nenhum conseguiu fazer no passado.
“Esta [seca] parece ser mais severa do que qualquer uma das secas anteriores, e mais longa. Mas a notícia realmente ruim é que todas as megasecas do passado ocorreram sem a influência do aquecimento global. Agora, estamos jogando um jogo novo e os cientistas não sabem o que esperar”, observou Tim Kohler, professor da Washington State University.
Pesquisas recentes indicam que as condições no sudoeste dos EUA estão no ponto mais seco em mais de 1,2 mil anos, e o impacto da mudança do clima no processo atual está ficando mais evidente na medida em que ele ganha força e duração.
A situação do rio Colorado retrata a gravidade do problema. Fonte crucial de água para milhões de pessoas de quatro estados norte-americanos, o nível do rio está ficando cada vez mais baixo, o que tem resultado em restrições crescentes ao uso da água para geração de energia elétrica, à irrigação e até mesmo ao consumo humano. A Associated Press fez um panorama de cada estado – Arizona, Califórnia, Colorado e Novo México.
Em tempo: A seca e o recuo da água no lago Isabella, no sul de Sierra Nevada, na Califórnia, revelou as ruínas de uma antiga vila do século XIX. Whiskey Flat era um dos lugares mais violentos do oeste norte-americano nos tempos do bang-bang, mas acabou sendo abandonada tempos depois e, nos anos 1950, foi inundada para criação de uma represa.
ClimaInfo, 15 de setembro de 2022.
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