Setor petroleiro promete ação climática, mas entrega mais combustíveis fósseis

setor petroleiro
Bloomberg

Na semana passada, representantes da indústria de óleo e gás se reuniram em um evento no Rio de Janeiro para, por assim dizer, jogar confete na própria cabeça. 

Mesmo com a ciência do clima assinalando a necessidade de acabar com o consumo de combustíveis fósseis para conter a crise climática, o setor no Brasil insiste em um malabarismo que une ações contra a mudança do clima com a manutenção da queima de petróleo e gás nas próximas décadas. 

Um dos destaques foi o anúncio de novos investimentos para a exploração de petróleo e gás natural no Brasil, bem como a expansão da infraestrutura para transporte e armazenamento de gás natural, de acordo com um panorama do evento feito pel’O Globo

Outro ponto foi o impacto da guerra entre Rússia e Ucrânia para o mercado energético global. Executivos e especialistas do setor aproveitaram o discurso da “segurança energética” para justificar a desaceleração da transição para a energia verde. 

Investidores foram na mesma linha, ainda que mantendo alguma aparência de “sustentabilidade” em seu discurso pró-energia fóssil. Por essa razão, ESG foi uma das siglas mais repetidas nas apresentações e conversas.

Por fim, as empresas apresentaram planos para ampliar a produção de energia renovável, além de desfilar a “menina dos olhos” do Big Oil para manter seu business-as-usual em tempos de crise climática: a captura e o armazenamento de carbono.

Tudo muito bonito e bacana no papel, mas muito atrasado, insuficiente, insustentável na prática.

Em tempo: Empresas europeias estão comprando biodiesel brasileiro para reduzir sua pegada de carbono no setor de transporte. O problema é que o processo de produção desse combustível está impregnado de desmatamento e emissões de gases de efeito estufa. Um relatório publicado pela Repórter Brasil nesta semana mostrou que a JBS vem vendendo milhões de litros de biodiesel fabricado com sebo de boi. Como no caso da carne bovina comercializada pela empresa, parte do sebo utilizado vem de bois de fazendas com histórico de infrações ambientais, principalmente desmatamento ilegal.

 

ClimaInfo, 05 de outubro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.