Metas climáticas empresariais fracas comprometem investimentos ESG

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Carla Gottgens / Bloomberg

Diversas empresas encontraram no mundo ESG um caminho para fazer negócios e ganhar dinheiro. Isso não é errado nem ilegal, pelo contrário: se os clientes e os investidores estão buscando por empresas que respeitam critérios socioambientais e de governança, natural que aquelas que possuem um bom desempenho sejam recompensadas pelo mercado.

Mas o que acontece quando os critérios adotados são fracos demais e facilmente atingíveis, sem a necessidade de mudanças substanciais (e, por tabela, custosas) por parte da organização? Essa ainda é a realidade de boa parte do mercado ESG.

Uma reportagem da Bloomberg analisou mais de 100 tipos de títulos vinculados à sustentabilidade (SLB na sigla em inglês) no valor de quase 70 bilhões de euros que foram vendidos por empresas globais para investidores na Europa. A conclusão? A maior parte dessas ações está vinculada a metas climáticas fracas, irrelevantes ou até mesmo já alcançadas.

Os SLB são títulos interessantes. Como em um empréstimo, quem os adquire aposta, na verdade, contra a empresa investida: se ela não cumprir a meta de sustentabilidade a qual o título está vinculado, os investidores recebem uma remuneração extra. Em tese, as empresas fariam o possível para cumprir esses objetivos, de maneira a não ter que pagar a mais. Na prática, porém, isso não é um problema: como os objetivos são irrisórios, as empresas saem no lucro, com um financiamento mais barato e uma reputação verde lustrada sem qualquer esforço real para descarbonizar seus negócios.

Em um contexto no qual os bancos e as instituições financeiras em geral estão sendo pressionados a deixar de emprestar dinheiro para empresas fósseis, o setor encontrou nesses títulos atrelados à dívida um caminho para obter financiamento barato em condições mais favoráveis. “O financiamento da dúvida, principalmente empréstimos bancários e emissões de títulos, responde por 90% do novo capital para empresas de combustíveis fósseis”, explicou Lily Tomson, pesquisadora da Universidade de Cambridge (Reino Unido).

 

ClimaInfo, 06 de outubro de 2022.

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