Relatórios financeiros de empresas ainda ignoram riscos climáticos

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“Ainda em voo cego” é a chamada para um relatório da Carbon Tracker sobre como os relatórios financeiros tratam os riscos climáticos. A versão de 2021 (“Em voo cego: a ofuscante ausência do clima nos relatórios financeiros”) mostrava que os relatórios de 134 corporações, as mais climaticamente expostas não abordavam esses riscos climáticos. No relatório deste ano, eles examinaram os famosos compromissos de net-zero e, novamente, o pessoal do financeiro não deve estar sabendo o que o pessoal de ESG está prometendo.

Embora os riscos comecem a ser citados, seus impactos sobre as finanças das empresas ainda estão ausentes. É como se avisassem acionistas e analistas que, sim, a mudança do clima vem aí, mas sem afetar os resultados financeiros prometidos. Uma das autoras disse que “quando empresas não levam em conta questões relacionadas com o clima, as suas demonstrações financeiras podem incluir lucros e ativos superavaliados e passivos subavaliados”.

O Financial Times publicou uma matéria sobre o relatório, acrescentando que, em geral, os auditores das quatro grandes auditorias globais não olham para o impacto climático nas contas. A Reuters também comentou.

Em tempo: A maior gestora de investimentos do mundo, a BlackRock, está sentindo o calor e não é só do aquecimento global. Seu CEO, Larry Fink, vem encampando compromissos climáticos que paulatinamente deveriam eliminar os fósseis do seu portfólio. O problema é que políticos dos estados americanos produtores de petróleo e gás estão chiando. Primeiro foram os congressistas do Texas que começaram a elaborar uma legislação para retirar o dinheiro do estado da carteira da firma. Agora, segundo a Bloomberg, o Secretário do Tesouro da vizinha Louisiana retirará, até o final do ano, quase US$ 800 milhões investidos na BlackRock. Em carta a Fink, ele diz “não podemos ser parte da paralisação (crippling) da nossa própria economia”. Ainda sobre a BlackRock, o Financial Times conta que a empresa promoveu uma dança de cadeiras na alta direção para enfrentar as críticas ao peso dado ao ESG: do lado fóssil, ameaças como essas de Texas e Louisiana e, do campo climático, por não estar fazendo o suficiente para zerar os investimentos em fósseis.

 

ClimaInfo, 10 de outubro de 2022.

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