EUA querem novos acordos contra carvão antes da COP27

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Linh Pham/Bloomberg

Faltando poucas semanas para a abertura da Conferência do Clima de Sharm El-Sheikh, a COP27, o governo dos EUA tenta mostrar serviço e avançar nas discussões de novos acordos para facilitar o abandono do carvão para geração de energia nos países em desenvolvimento. A ideia da Casa Branca é aproveitar o layout do pacto que vem sendo negociado com a África do Sul e replicá-lo em outras nações que enfrentam o mesmo desafio, como Vietnã e México. A Bloomberg destacou essa movimentação diplomática, encabeçada pelo enviado especial do governo Biden para o clima, John Kerry. Nesta semana, ele visitará o Vietnã, onde pretende reforçar o apoio norte-americano para que o país asiático se distancie da geração termelétrica a carvão. “Estamos criando uma fórmula através da qual os países poderão abraçar uma transformação real para se moverem em direção a uma economia de energia limpa”, defendeu Kerry.

Enquanto isso, os países em desenvolvimento seguem pressionando pela abordagem na COP27 do principal “elefante na sala” das negociações climáticas: a compensação por perdas e danos. Em entrevista à Associated Press, a presidente do Grupo das Nações Menos Desenvolvidas, Madeleine Diouf Sarr, defendeu que a COP27 “considere a voz e as necessidades das nações mais vulneráveis à crise climática e entregue justiça climática”. 

Nesse sentido, a principal proposta do grupo negociador sugere que os governos assumam um acordo financeiro específico que garanta recursos internacionais para compensação por prejuízos e custos de reconstrução nos países mais pobres afetados pela intensificação de eventos extremos. 

Ainda sobre o assunto “cobranças”, representantes de 20 das nações mais vulneráveis afirmaram na semana passada ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que podem deixar de pagar até US$ 685 bilhões em dívida pública externa por conta dos custos decorrentes de eventos climáticos extremos. Uma das principais demandas é de que os países desenvolvidos, que são os principais credores das nações mais pobres, ofereçam financiamento climático efetivo ou aceitem perdoar ao menos uma parte da dívida externa desses governos. O NY Times deu mais detalhes.

Em tempo: A Human Rights Watch (HRW) voltou a criticar o governo do Egito por restringir representantes e organizações ambientalistas do país na véspera da COP27 no país. Em entrevista ao Guardian, o diretor ambiental da entidade de Direitos Humanos, Richard Pearshouse, ressaltou que um fracasso da ONU e de outros países em pressionar as autoridades egípcias pela libertação de prisioneiros políticos poderá colocar em risco a viabilidade das políticas necessárias para conter a crise climática. “Será um erro fundamental se os diplomatas forem à COP27 achando que precisam ser brandos em Direitos Humanos para progredir nas negociações climáticas. Não teremos a ação climática urgente necessária sem pressão da sociedade civil. A própria situação do Egito nos mostra isso”, disse.

 

ClimaInfo, 17 de outubro de 2022.

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