FSC muda regras e passa a reconhecer restauração de áreas desmatadas para certificação verde

FSC desmatamento
Daniel Beltra/Greenpeace

Atualmente, as empresas que derrubaram florestas de 1994 para cá não podem obter a certificação do Forestry Stewardship Council (FSC) para seus produtos madeireiros, como celulose e papel. Como alguns compradores insistem na certificação, isso restringe suas oportunidades de venda. Mas essa restrição está prestes a ser amenizada: em assembleia realizada na semana passada, o FSC decidiu permitir que essas empresas sejam certificadas, desde que restaurem a mesma quantidade de florestas que destruíram entre 1994 e 2020. Nenhum desmatamento após 2020 será permitido. A notícia é do Climate Home News.

Um estudo publicado pela revista Science em 2018 estimou que um quarto do desmatamento entre 2001 e 2015 foi devido à silvicultura – com a floresta natural substituída por plantações florestais. De acordo com o artigo, “as plantações são muito mais pobres em armazenar carbono do que as florestas naturais” porque elas liberam carbono quando são colhidas. Por isso, a restauração seria boa para o clima.

O FSC estabeleceu que a terra restaurada deve obrigatoriamente estar próxima ao local desmatado – idealmente no mesmo local. Para contar como restaurado, pelo menos 30% devem permanecer intocados; os 70% restantes podem ser aproveitados comercialmente. O FSC estabeleceu ainda que as empresas também devem oferecer restauração social às comunidades afetadas pelo desmatamento. Isso pode incluir devolução da terra, compensação financeira, emprego ou infraestrutura.

A conselheira florestal Aida Greenbury apoiou a mudança. Mas questionou se as empresas de celulose e papel seguiriam com as medidas necessárias para obter a certificação. Um estudo de 2019 descobriu que a silvicultura causou a destruição de 1,2 milhão de hectares de floresta natural na Indonésia entre 2001 e 2016 – uma área do tamanho da Jamaica. “Como eles podem restaurar florestas de um milhão de hectares?” perguntou Greenbury, ex-diretora de sustentabilidade da madeireira indonésia Asia Pulp and Paper. “Essa é a pergunta que ainda precisa ser respondida”. Greenbury teme que algumas empresas apenas ingressem no processo de certificação para fazer uma lavagem verde de suas credenciais para clientes em potencial.

 

ClimaInfo, 18 de outubro de 2022.

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