Governo Bolsonaro tenta enganar OCDE em dados sobre meio ambiente

governo mente OCDE
montagem/divulgação

Não são só os eleitores brasileiros que têm o “privilégio” de serem alvo de mentiras do governo de Jair Bolsonaro. Nem mesmo a prestigiosa OCDE escapou da sanha invencionista do atual presidente, que recorreu a mentiras e distorções para minimizar o impacto de sua política antiambiental nos números sobre desmatamento e queimadas no Brasil.

Jamil Chade está começando a puxar o fio dessa meada no UOL. Ele teve acesso a um documento encaminhado pelo Itamaraty à OCDE, que integra a papelada diplomática necessária para a entidade analisar uma possível adesão brasileira.

No papel, o governo brasileiro simplesmente ignorou compromissos anteriores do país – como, por exemplo, as metas associadas à Política Nacional de Mudanças Climáticas para o combate ao desmatamento. O documento também não aborda a paralisação dos principais instrumentos financeiros de apoio à ação climática e proteção da Amazônia, como os Fundos Clima e Amazônia, nem o estrangulamento orçamentário do ministério do meio ambiente e de suas autarquias.

O Brasil de Bolsonaro também apelou ao “vai que cola” para minimizar a explosão recente do desmatamento, o desmonte dos órgãos de fiscalização ambiental e da política socioambiental como um todo, e a leniência do poder público com ilegalidades na Amazônia e em outros biomas brasileiros. No documento, o país afirma estar “completamente alinhado” com 35 dos 37 instrumentos da OCDE relativos a meio ambiente, clima e poluição.

O governo Bolsonaro insiste na ficção científica para esconder a distopia explícita que implementa no Brasil na questão ambiental. Como na campanha eleitoral, o presidente e seus aliados não têm o menor incômodo em negar a realidade, inventar dados, distorcer informações e – em bom Português – mentir descaradamente. No entanto, como os governos estrangeiros não dependem do “grupão do Zap da família” para saber o que o acontece no Brasil, o que sobra é apenas o constrangimento internacional para o país.

“O Brasil é visto como um país em que não se pode confiar, principalmente para manter acordos ou compromissos ambientais, logo, um país onde não dá para investir”, bem lembrou Txai Suruí na Folha. “A cobrança por uma preocupação ambiental e climática é inevitável e os países que não a adotarem sofrerão pressão internacional, visto que as consequências são planetárias e iminentes”.

Em tempo: Ainda sobre desinformação, João Paulo Capobianco destacou na Folha a tentativa de Bolsonaro & Cia. de distorcer os dados sobre desmatamento na Amazônia para minimizar a destruição recente e sustentar que a devastação foi maior na gestão Lula. Além de utilizar números absolutos, o argumento bolsonarista ignora o piso do desmatamento no começo do 1º mandato de Lula: enquanto o petista herdou um ritmo de desmate superior a 20 mil km2 em 2002 e entregou uma redução de mais de 70% em 2010, Bolsonaro recebeu uma taxa de desmatamento de 7,5 mil km2 e está fechando seu 4o ano de mandato com um crescimento agregado de 73%, com o índice superior a 13 mil km2 no último ano. “A diferença entre os dois candidatos é óbvia. Um pegou a Amazônia com o desmatamento em alta explosiva e o reduziu às menores taxas da história. O outro fez o oposto. Pegou o desmatamento em baixa e está o entregando com taxas explosivas. Será que precisa de Google para saber quem é melhor para o futuro da maior floresta tropical do planeta?”.

 

ClimaInfo, 19 de outubro de 2022.

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