Relatório: ambição global precisa crescer 6 vezes para conter crise climática

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REUTERS/Kacper Pempel/File Photo

O Acordo de Paris se aproxima de seu primeiro grande momento desde sua entrada em vigor, em 2020 – a primeira rodada de revisão periódica dos compromissos nacionais de mitigação, que deve começar no próximo ano. 

Esse processo cíclico está previsto para acontecer a cada cinco anos, para garantir que as metas de redução de emissões de todos os países sejam atualizadas e ampliadas ao longo do tempo, fechando a lacuna que persiste entre as promessas de mitigação e aquilo que a ciência aponta como necessário para conter o aquecimento do planeta em 1,5ºC neste século.

O caminho, no entanto, deve ser acidentado. Isso porque, de acordo com uma análise divulgada pelo WRI nesta semana, a somatória das contribuições nacionalmente determinadas (NDC) em vigor ainda está bem aquém do necessário. Ao mesmo tempo, o documento reconhece que, como estabelecido pelo Acordo de Paris, os compromissos revisados nos últimos anos ofereceram um aumento de ambição climática, mas aquém do necessário.

A análise estimou que as NDCs atuais aumentaram o potencial de redução de emissões para 2030 em cerca de 5,5 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente (GtCO2e) em relação ao que era prometido nas NDCs iniciais. Isso representaria uma redução de 7% nas emissões globais de gases de efeito estufa ao final desta década na comparação com 2019.

No entanto, e de acordo com o IPCC, as emissões devem cair pelo menos 43% em relação aos níveis de 2019 para se manter a meta de 1,5ºC ao alcance. Ou seja, para que o mundo consiga atender a este objetivo, a ambição agregada dos países precisa crescer seis vezes em relação aos números atuais. Bloomberg e Reuters repercutiram esses dados. 

Em tempo: A crise climática está se intensificando, mas a atenção da opinião pública global ao problema pode estar diminuindo. A Gallup divulgou os resultados de uma pesquisa feita em 121 países com mais de 125 mil pessoas sobre percepção de risco. O total de entrevistados que acreditam que a mudança do clima é uma ameaça muito séria caiu de 50,2% em 2019 para 48,7% agora. Em parte, como apontou a Reuters, a queda pode ser explicada pela pandemia e o apuro econômico dos últimos meses. Mas um dado curioso também preocupa: as regiões mais vulneráveis aos eventos climáticos extremos foram as que apresentaram menores índices de preocupação com o problema – Oriente Médio e Norte da África (27,4%) e Sul da Ásia (39,1%).

 

ClimaInfo, 20 de outubro de 2022.

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