Eleições na Amazônia contrastam pressão por voto em Bolsonaro e silêncio de eleitores de Lula

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Elvira Lobato

Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro disputam neste domingo (30/10) o 2o turno das eleições presidenciais, mas alguém mais desavisado poderia achar coisa diferente no interior da Amazônia. Nos rincões de estados como Amazonas, Pará e Mato Grosso, a propaganda do atual mandatário praticamente monopoliza a divulgação eleitoral nas ruas, com cartazes, faixas e outdoors – muitas vezes, confeccionados e financiados por apoiadores mais radicais do presidente.

No último mês, ao longo de uma viagem de Cuiabá (MT) a Belém (PA), a jornalista Elvira Lobato descreveu na revista piauí as expectativas e os temores de eleitores de Lula e Bolsonaro na disputa presidencial. Para os entusiastas do atual presidente, a retórica armamentista e a leniência do governo com a fiscalização ambiental são repetidamente apontadas como justificativas para o voto.

Já entre os defensores do ex-presidente petista, as motivações vão desde lembrança da bonança econômica de seu governo até um desconforto com o comportamento de Bolsonaro. Mas uma coisa é quase regra: enquanto bolsonaristas cantam aos quatro ventos o seu voto, os lulistas ficam quietos para não chamar a atenção, com medo de represálias – como, por exemplo, a perda do emprego.

Além do afrouxamento da fiscalização, o governo Bolsonaro também apostou em novas obras de infraestrutura para lustrar suas credenciais eleitorais na região amazônica. Esse esforço foi encabeçado pelo então ministro de infraestrutura e atual candidato bolsonarista ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

No entanto, como destacou o InfoAmazonia, Freitas deixou para trás muitos anúncios, obras incompletas e acusações de violações de Direitos Indígenas no processo de licenciamento de empreendimentos como a pavimentação da BR-319, aprovada a toque de caixa antes da eleição.

“Uma licitação ilegal que não deveria acontecer e que por si só gerou todo um movimento como se a obra de toda rodovia fosse dada como certa. A obra foi contratada e está andando. É a lógica do fato consumado”, lamentou o procurador Rafael Rocha, do Ministério Público Federal do Amazonas. 

Ao mesmo tempo, a gestão de Tarcísio ignorou repetidos alertas e não atuou para evitar o desmoronamento de duas pontes na mesma rodovia no mês passado. Assim, na prática, a região metropolitana de Manaus está isolada do resto do país e já sofre com desabastecimento, inclusive de alimentos.

 

ClimaInfo, 25 de outubro de 2022.

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