Países africanos definem estratégia para pressionar governos ricos na COP27

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AP Photo/Sunday Alamba

A “COP africana” deve ser o palco de uma queda-de-braço intensa entre os países do continente e os governos das economias mais ricas do mundo. Faltando poucos dias para a abertura da Conferência do Clima de Sharm el-Sheikh (COP27), negociadores e representantes da sociedade civil africana se reuniram na capital da Namíbia, Windhoek, nesta semana para alinhar as expectativas para o encontro da ONU.

Dois pontos devem ser prioritários para os governos da África: o financiamento internacional para apoiar a implementação dos planos climáticos desses países sob o Acordo de Paris; e o acesso a novas tecnologias para geração de energia renovável barata. Para os países africanos, a incapacidade das nações mais ricas em oferecer financiamento no volume e no ritmo necessário para adaptação e transição energética está prejudicando o continente, que também sofre com cobranças internacionais para que não aproveite suas reservas de combustíveis fósseis ainda pouco exploradas.

“A África, o continente que menos polui e está mais atrasado no processo de industrialização, deve explorar seus recursos disponíveis para fornecer energia básica”, defendeu o presidente do Senegal, Macky Sall. A justificativa é que, sem a oferta de tecnologia para energia renovável acessível aos africanos e com a restrição ao uso de fósseis, mais de 600 milhões de africanos continuarão distantes da eletricidade, vivendo em condições precárias. Associated Press e Bloomberg abordaram os principais pontos dessa discussão.

Outro tópico que deve ser prioritário para os africanos, junto com outras nações em desenvolvimento, é o da compensação por perdas e danos decorrentes de eventos climáticos extremos. A Reuters informou que a União Europeia estaria disposta a incluir a questão na agenda de negociação da COP27. A sinalização é importante, já que os países europeus, junto com os EUA, sempre defenderam essa discussão dentro da questão geral do financiamento climático. A Bloomberg também abordou essa informação.

Em Washington, a posição norte-americana ainda é contrária à questão, mas mais de 100 organizações ambientalistas apresentaram uma carta ao enviado especial da Casa Branca para o clima, John Kerry, pedindo apoio à criação de um fundo específico para compensação por perdas e danos aos países vulneráveis. A notícia é da Reuters.

Em tempo: A Bloomberg informou que representantes de John Kerry e seu contraparte chinês, Xie Zhenhua, trocaram contatos nas últimas semanas com a esperança de retomar a colaboração diplomática entre EUA e China nas negociações climáticas. O diálogo bilateral foi interrompido em agosto passado por Pequim como retaliação à visita da presidente da Câmara dos Deputados norte-americana, Nancy Pelosi, à ilha de Taiwan. Mesmo com a comunicação recente, uma retomada efetiva dessa colaboração é improvável, ao menos a tempo para a COP27.

 

ClimaInfo, 26 de outubro de 2022.

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