O Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA) divulgou ontem (3/11) a nova edição do relatório Adaptation Gap, que analisa os fluxos de recursos financeiros destinados à adaptação climática pelo mundo. A conclusão é bastante ruim: se não houver um aumento rápido e significativo na oferta desses recursos, o mundo poderá assistir a mais “carnificinas climáticas” como a que acometeu o Paquistão nos últimos meses, com as chuvas que deixaram ⅓ do país debaixo d’água.
Em 2020, os países desenvolvidos forneceram US$ 29 bilhões para adaptação climática nos países mais pobres, um aumento de apenas 4% na comparação com o ano anterior. Na última COP, no ano passado, os governos ricos prometeram aumentar esse montante para US$ 40 bilhões até 2025. No entanto, o relatório do PNUMA ressaltou que esse valor será criticamente insuficiente para lidar com as necessidades de adaptação nos países pobres.
“As necessidades de adaptação no mundo em desenvolvimento devem disparar para US$ 340 bilhões por ano até 2030. No entanto, o apoio à adaptação hoje é de menos de um décimo desse valor”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres. “As pessoas e comunidades mais vulneráveis estão pagando o preço. Isso é inaceitável”.
“Precisamos de um aumento global no investimento em adaptação para salvar milhões de vidas da carnificina climática. Já é hora de uma coordenação sem precedentes entre os governos beneficiários, parceiros de desenvolvimento e outros financiadores”, disse Guterres.
Além da falta de recursos, os países sofrem também com a falta de atenção, inclusive dos próprios governos, para o tema da adaptação. A despeito de 80% das nações hoje terem ao menos iniciado seus planos de adaptação climática, apenas ⅓ delas possui metas quantificadas com prazos definidos.
AFP, Agência Brasil, Bloomberg, Folha, Guardian, NY Times e Reuters, entre outros, repercutiram a análise da ONU sobre o financiamento para adaptação climática.
ClimaInfo, 4 de novembro de 2022.
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